Comida Ogra, só que não
Eles são tatuados, barbudos, cheios de marra e estilo e em nada lembram os tradicionais chefs, impecáveis em suas dolmas e chapéus engomados.
Eles podem não ter diploma do Le Crodon Bleu e nem de outra tradicional faculdade de gastronomia, mas costumam já ter viajado o mundo inteiro, falar vários idiomas e ter aprendido na prática, em estágios em restaurantes até estrelados no Guia Michelin.
Essa nova geração de chefs, mostra a que veio e está conquistando clientela moderninha, de gente antenada e que prefere points com estilo e personalidade, como um bom Gastropub, ou até um Food Truck, ao invés das tradicionais toalhas de linho.
Nesta linha, Henrique Fogaça , o chef durão que destila sinceridade no programa “Master Chef”, exibido pela Band e pelo Discovery Home & Health, vem agradando tanto que ganhou seu próprio reality, “200 Graus”, também exibido pelo canal fechado Discovery Home & Health.
Entre cervejas, motos e rock (Fogaça é vocalista de uma banda hardcore), ele ainda arruma tempo para faturar nos seus três empreendimentos: Sal Gastronomia; Cão Véio; e Admiral´s Place.
Ele é um típico exemplo do paulistano (nascido em Ribeirão Preto), que foi pra capital, mas dispensou o tradicional curso de Comércio Exterior e o trabalho num banco para se aventurar no universo da gastronomia, reoptando pelo curso de Chef, da FMU: “Precisava de dinheiro e não podia ficar parado. Já cozinhava em casa, pedindo dicas da minha avó, pois comida congelada enjoa. Nessa época, meu cunhado comprou uma Kombi para vender sanduíches. Esse foi meu começo na gastronomia. Depois recebi a proposta de abrir um café no pátio de uma galeria em São Paulo, a Galeria Vermelho. O negócio cresceu e se tornou hoje o Sal Gastronomia”,
Outra característica desta nova geração de chefs é a preocupação em transformar ingredientes tidos como “de segunda”, em azes da culinária. Foi assim que André Mifano (que, ao lado de Claude Troigros e Felipe Bronze, comanda sua equipe na disputa do “The Taste Brasil”, exibido em temporadas pelo GNT), reabilitou o porco como iguaria. Em seu restaurante Vito, na capital Paulista, ele se diz preocupado com o planeta: “ o futuro da gastronomia é estar próximo a produtores e sermos mais conscientes em relação ao meio ambiente”, diz Mifano, que participa desde a compra de insumos, aos preparativos de tudo dentro de seu restaurante. “Quando abri o Vito, em São Paulo, carne de porco não existia em restaurantes na cidade. E na minha cabeça isso era um desafio. Como cresci comendo muito porco, para mim era natural fazer. De início, coloquei barriga e foi muito difícil vender. Mas com o tempo as pessoas foram entendendo”, diz ele que tem hoje 19 composições com porco e não joga nenhuma parte do animal fora.
As novas tendências culinárias que fogem dos padrões também são a aposta do programa Food Truck, “A Batalha”, exibido em temporadas pelo GNT. Neles, equipes de chefs são desafiados a competir pelo melhor prato em dois food trucks comandados respectivamente pelos chefs Adolfo Schaefer ( sócio do food truck Holly Pasta e Márcio Silva (dono do Buzina Food Truck).
Até o roqueiro João Gordo entrou nessa da nova cozinha e comanda o programa “Panelaço”, no You Tube. Ex fã de carnes e comidas “ogras”, João Gordo é adepto da comida vegana, que ensina em seu programa. “Comida vegana não leva nada de origem animal, nem leite, nem ovo. Nada”, explica ele que afirma ter nojo de ovo.
E olha que um dos primeiros convidados do programa foi o estrelado Chef Alex Atala, que provou a moqueca vegetariana. Atala é também tatuado e barbudo, mas, em 2015 tornou-se o chef brasileiro mais bem avaliado do Guia Michelin, em sua primeira edição no país. O D.O.M. seu restaurante, foi o único do país que recebeu duas estrelas. E seu Dalva e Dito, especializado em comida brasileira conquistou uma estrela. Somando Atala, três estrelas no Guia.
Como se vê, esses “ogros”, de bobos não tem nada.
Fotos Reprodução.
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