As impressões sobre pedras e pigmentos do Quadrilátero Ferrífero estão impregnadas na alma da mineira Fani Bracher. Há 44 anos a artista reside em Ouro Preto, tendo explorado a beleza silenciosa das paisagens e das minerações, dos ossos e dos resíduos orgânicos e minerais. Agora, busca no fundo dos rios, nas cores e cintilâncias pueiris o substrato para compor sobre lonas, telas e objetos .
O choque da paisagem árida e inóspita da região de extração mineral das Minas Gerais teceria impressões profundas sobre a alma da artista. Natural de Coronel Pacheco, Zona da Mata mineira, Fani passa sua infância cercada por paisagens rurais, o verde profundo e vida abundante.
O destino, entretanto a levaria para outras terras, as terras hostis e pedregosas da mineração. Impressões difusas e diversas de sua realidade marcariam para sempre sua arte, antes impregnada de conjuntos de árvores, amarelos e verdes.
A vegetação agora é escura, aparada por negrumes e formas geométricas, brotando, vez ou outra uma flor em meio ao cinza. Misto de amor profundo e repulsa que pulsa em suas telas, como gritos de desespero, neste incongruente encontro de habitats. Outro universo se abre, de forma abrupta e perene, maculando para sempre sua vivência.
A inspiração brota nas telas como forma de reorganizar seu universo interno, agora povoado por minérios e horizontes desérticos. Os ossos aparecem como tema, numa busca por antecipar a finitude da existência.
O equilíbrio volta em sua fase de criação contemporânea. A calmaria de folhas das pastagens verdes dialogam com pedras e pigmentos, agora plenos de sentido e acolhimento. O reencontro de realidades, aparentemente opostas. A beleza que flui, a inspiração que fica.
Fani é resultado dessa dicotomia de universos. Uma artista forte e corajosa, arrojada e vanguardista.
E sobre a gastronomia? O que encanta esta mineira? O site blimabracher.com e o www.portaluai.com.br apresentam a vocês
BB – A gastronomia pra você é?
FB – Uma das faces mais importantes da cultura de um povo e de uma região.
BB – Um sabor da infância.
FB – Arroz de forno e o empadão da mamãe (Marina de Castro Gomes), aos domingos.
BB – Um restaurante inesquecível.
FB – As parrillas do mercado de Montevideo
BB – Qual o seu prato favorito?
FB – Linguado ao molho de champignons
BB – Vinho ou cerveja?
FB – Vinho
BB – Qual?
FB – Um bom vinho verde português, geladinho (me lembra papai, Vasco Gomes); um tinto Côtes du Rhone; ou um bom tinto alentejano.
BB – Doce ou salgado?
FB – Os dois
BB – Qual?
FB – Entre os doces prefiro um creme brulêe
BB – Cite um ou mais restaurantes imperdíveis em BH.
FB – A Favorita; Haüs Munchen; e Vecchio Sogno
BB – E em Ouro Preto?
FB – O Passo Pizza Jazz; Casa do Ouvidor; e Bené da Flauta
BB – E em Tiradentes?
FB – Tragaluz; e Trattoria Via Destra
BB – Um chef
FB – Ivo Faria
BB – Um sabor de Minas
FB – Goiabada com queijo
BB – Com quem gostaria de dividir a mesa?
FB – Com a ministra Carmem Lúcia
BB – De quem dispensaria a companhia?
FB – De todos os políticos corruptos
BB – Um sabor indigesto.
FB – Corrupção
BB – Arte e gastronomia se integram?
FB – Completamente, se integram, complementam e se somam.
Fotos: Ricardo Correia de Araújo
Texto: Blima Bracher
** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Portal UAI.
Amo as pinturas da Fani. Grande artista mineira e brasileira. Parabéns pelos belíssimos trabalhos.
Amo as pinturas da Fani. Grande artista mineira e brasileira. Parabéns pelos belíssimos trabalhos.