Hoje eu dormi com você e, agora, escrevendo tive que limpar meus óculos três vezes, até ter que dispensá – los de vez , pois vi que não conseguiria conter o choro. No sonho voltamos a nos acessar pela mente, a nos comunicar por pensamentos… como um encaixe perfeito de vidas. Vidas marginais, rockeiras, vanguardistas. Como duas fagulhas que dançam no ar, com olhos miúdos a se equalizarem na mesma frequência. Porque sempre nos equalizamos numa frequência que só a gente sabia. Fomos majestosos,lindos, frenéticos, comunistas, modelos. Fomos tudo que uma grande paixão proporciona. Tudo que ela veste, alimenta, enfeita. Éramos belos de se ver e de viver. Sempre no limite máximo em qualquer pedacinho de vida que passamos juntos. Tivemos o tempo certo, a juventude a nos perseguir, nossos risos a zombarem do tempo que parou para o nosso encontro. Mas não podíamos prosseguir. Não podíamos ser convencionais. Vivemos o topo do sentimento fugaz e mais intenso que há. Sabíamos que se continuassem não seríamos mais nós. Amor é para os fracos. E nós fomos tudo pra k*. Ainda te encontro nos acordes de punkrock, como se pudéssemos parar a vida pra tomar cerveja e ouvir metal no talo. Um dia teríamos que voltar à realidade comum. Um dia teríamos que envelhecer. E sucumbir à fatalidade cruel que transforma jovens em senhores respeitados. Não quis ver suas rugas. E nem você quis ver as minhas. Fomos uma paixão desumana, , mais lindos que o sol. Fomos fortes e rebeldes. E, em algum lugar da minha mente, ainda existimos protegidos de todos os desgastes que poderiam fulminar nosso sentimento. Ainda temos nosso sentimento em comum. E isso mefaz feliz.
** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Portal UAI.


Lindo Blima, adorei