Comida industrializada e até dietas mirabolantes aumentam número de casos do popular "fígado gorduroso" ou esteatose hepática - Blima Bracher
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Comida industrializada e até dietas mirabolantes aumentam número de casos do popular “fígado gorduroso” ou esteatose hepática

Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), 1,6 bilhão de pessoas adultas estão acima do peso em todo mundo. Deste total 400 milhões são consideradas obesas. Esta epidemia de obesidade gera uma série de outras doenças. Com certeza você já ouviu falar de algumas delas como hipertensão arterial, diabetes, colesterol alto, redução do HDL (colesterol bom), aumento do LDL (colesterol ruim) e triglicérides elevado. Mas, um dos males que cresce em níveis alarmantes, ainda é pouco conhecido: a esteatose hepática. Popularmente chamada de fígado gorduroso, a doença se caracteriza pela armazenagem seletiva de gordura nas células do fígado.

Mas, porque algumas pessoas teriam predisposição a estocar gordura neste órgão? “Armazenar gordura seletivamente no fígado faz parte da chamada gordura visceral, aquela que se acumula na região abdominal”, explica a endocrinologista Ellen Simone Paiva. “Parece que a ingestão de gordura trans está intimamente associada a esta obesidade visceral, mas com certeza os fatores são vários, entre eles a susceptibilidade genética, além do sedentarismo”, diz a médica.

Ao contrário do que muita gente pensa, essa forma de lesão hepática,não tem relação com o consumo abusivo de álcool e já representa a doença do fígado mais freqüente nos países ocidentais. “O crescimento da esteatose hepática está relacionado ao aumento das cifras de obesidade e de suas complicações. Nos Estados Unidos, 25% da população já apresenta algum grau de desenvolvimento da doença, já que 35% da população lá está acima do peso. No Brasil 40% das pessoas estão acima do peso. A obesidade é um problema mundial, relacionado ao sedentarismo e às facilidades do dia-a-dia, como fast-food e microondas. Hoje em apenas 10 minutos você prepara sozinho e come numa única refeição uma lasanha, que tem mais de 500 calorias”, completa o médico Alexandre Resende.

Mas o grupo considerado de mais alto risco para a esteatose hepática são pacientes que apresentam a chamada Síndrome de Resistência Insulínica. “A origem desta doença parece ser uma alteração na ação da insulina, fato que ocorre nos diabéticos tipo 2, aquela que acomete principalmente os gordinhos. Quem tem diabetes tipo 2 produz insulina em excesso, mas ela age mal. A insulina é um hormônio anabólico–que armazena, contrário de catabólico– que queima gordura”, explica Ellen Simone. Apesar de mais rara, a resistência insulínica pode ocorrer em pessoas com peso normal. Por isso, é possível encontrar pacientes magros com esteatose hepática. “Estima-se quede 10 a 25% das pessoas em geral apresentem a doença, 74% dos obesos e, virtualmente, 100% das pessoas que têm diabetes e obesidade associadas”, alerta a endocrinologista.

O analista de sistemas Fernando* (nome fictício) faz parte desta estatística. A vida sedentária em frente ao computador e a “paixão por comida”, como ele mesmo define, resultaram em 50 quilos acima do peso normal. Fernando* tentou duas dietas. Nos dois casos conseguiu emagrecer bastante, mas não resistiu às tentações e acabou voltando a engordar. Aos 36 anos, porém, descobriu o diabetes tipo 2. De acordo com a Sociedade Brasileira de Diabetes este tipo da doença tem a ver além dos fatores hereditários, com sedentarismo e obesidade. Estima-se que entre 60 e 90% dos portadores do diabetes tipo 2 estejam acima do peso. Fernando* levou um susto ao descobrir que o diabetes poderia vir associado à esteatose. O ultrassom mostrou pequena quantidade de gordura armazenada no fígado. “Aí percebi que era hora de pisar no freio. Passei a praticar Pilates e a andar todos os dias na praia”, diz. “A esteatose regrediu, mas sei que vou ter que me policiar a vida inteira. É difícil, à vezes não resisto a um churrasco a rodízio”, confessa ele.

A esteatose hepática não apresenta sintomas aparentes e só é diagnosticada pelo exame de ultra-som. O que dificulta o controle é que muita gente que tem esteatose nem sabe. Denise* descobriu o problema por acaso. “Senti fortes dores abdominais. Achei que fosse gastrite, e fui para o Hospital. Lá, o médico diagnosticou problemas na vesícula, razão das dores, e pediu um ultra-som para confirmar. Neste exame, além do problema na vesícula, foi constatada a esteatose hepática. Levei um susto, porque nem conhecia a doença. Sempre pensei que os problemas do fígado estavam ligados à bebida”, diz.

Outro fator que contribui para o aumento da esteatose é a busca desenfreada pelo corpo esbelto. Pode parecer contraditório, mas o fato é que dietas de emagrecimento radicais também predispõem à doença. Quanto mais rápido o emagrecimento, maior a demanda do fígado para metabolizar a gordura, o que aumenta a tendência de estocagem nas próprias células deste órgão. “Os médicos ainda procuram a causa da minha esteatose, mas, além da vida sedentária e do sobrepeso, não está descartado o fato de eu sempre fazer dietas milagrosas, com perda rápida de peso”, diz Denise*. Seguindo esta mesma lógica, a doença pode aparecer em pacientes que se submeteram a operação bariátrica. “Existem relatos de aumento da esteatose em pacientes submetidos à cirurgia do estômago porque tiveram perda de peso muito rápida”, atesta Ellen Simone. Nestes casos de dietas mirabolantes e perda brusca de peso,a tendência à estocagem de gordura nas células do fígado é ainda maior se a pessoa não praticar exercícios físicos. Eles ajudam a queimar gordura. Sem a atividade física, o fígado fica sobrecarregado com a grande quantidade a ser metabolizada.

Em si, ela não representa um risco iminente para o paciente, mas deve ser encarada como um sinal de alerta. O grande problema está nas possíveis complicações representada pelo acúmulo de gorduras nas células do fígado. “A doença pode evoluir para uma hepatite gordurosa ou esteato hepatite. Depois aparecem as fibroses que evoluem para a cirrose hepática, que não tem cura. Nestes casos, a única opção é o transplante”, explica Alexandre Resende.

Apesar de não ter relação direta com a ingestão de bebida alcoólica, fica o alerta para quem exagera na dose: “O consumo elevado e crônico de álcool nos casos de quem já tem esteatose pode ser fator agravante a acelerar o aparecimento de uma esteato hepatite e suas complicações”, alerta o gastroenterologista e hepatologista João Galizzi Filho. “Graças a Deus não bebo, do contrário, segundo o médico, poderia ter a esteatose mais evoluída”, diz Fernando*.

Por isso, o controle é essencial.Dieta balanceada e bem orientada ainda é a melhor solução. A diferença aqui pode estar na proporção dos nutrientes. De acordo com sociedades de nutrição do mundo, incluindo a Associação Americana de Diabetes e de Cardiologia a dieta ideal deve conter carboidratos, proteínas e gorduras numa proporção de 60, 15 e 25%, respectivamente. Mas, a experiência nos casos de esteatose tem apresentado novos resultados. “Percebemos que nestes quadros conseguimos melhores resultados, quando reduzimos o teor de carboidratos para cerca de 40% e aumentamos o teor das gorduras para cerca de 45%. Somente o carboidrato estimula a produção de insulina, por isso deve-se diminuí-lo nas dietas”, explica Ellen. Mas atenção, a gordura consumida deve ser aquela considerada boa, encontrada em azeites e óleos poliinsaturados. Além da dieta, já existem medicamentos que reduzem a resistência insulínica em nível hepático e que devem ser prescritos nestes casos.

Somada aos medicamentos e à dieta, a atividade física é grande aliada no tratamento da esteatose hepática, uma vez que o exercício melhora a ação da insulina, reduzindo a resistência insulínica e o acúmulo de gorduras no fígado. Prova de que manter o peso sob controle, mais que um problema estético, é uma questão de saúde.

Fatores que predispõem

Genéticos
Vida sedentária
Diabetes tipo 2
Sobrepeso
Colesterol e triglicérides elevado
Uso de medicamentos como antiinflamatórios e de controle de arritmias cardíacas
Hábitos alimentares ruins, dieta rica em carboidratos
Acúmulo de gordura na região abdominal. Mais de 88 centímetros de cintura para mulheres e 102 para ( o que caracteriza gordura visceral)
Perda muito rápida de peso

Controle da doença:

Perda controlada de peso
Redução do consumo de carboidratos, pois eles estimulam a produção de insulina
Atividade física
Medicamentos que reduzem a resistência insulínica em nível hepático
Controle da glicose

Foto: Reprodução
Texto:

#blimabracher @blimabracher

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** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Portal UAI.

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Importante Matéria com informações importantes para nossa saúde !

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Luana Beatriz

Oi mimi tenho 35 anos, 1mt e 60 ctm e estou com 88 quilos! E preciso muito emagrecer, meu marido não me olha mas como antes! E estou fazendo de tudo pra emagrecer. Tenho vergonha de tirar a roupa pra meu marido, de ir a praia. Me sinto diferente! Queria mto minhas alto estima de volta! http://www.fimdadietadukan.com.br

Sofia Beatriz

eu amo os seus posts, tudo q vc faz, pois e econômico e da certinho para meu bolso estou sofrendo de ansiedade pq comecei a faculdade de direito engordei muito mas faz 2 meses q conheci vc e sua postagem e comecei emagreci 9ks mas preciso emagrecer 30 meu problema e não comer fico muito sem comer ou passo mal quando como mas ja estou melhorando isso e vou conseguir c sua ajuda obrigada desde ja, tenho 28 anos e 1,65 de altura http://www.fimdadietadukan.com.br

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