Galeria e Vídeos

Estrela da gastronomia mineira, Ivo Faria, fala de sua trajetória e dos rumos da culinária no país

O que diferencia os gênios dos simples mortais? A equação é difícil, mas juntar alguns fatores pode dar pistas do porquê, entre tantos, apenas alguns são tocados pela genialidade.

Ivo Faria (foto) é destes que chegam e iluminam o ambiente. Tem o fator número 1: o carisma. Soma-se a isso o talento, a sorte, a determinação, o estudo, a disciplina, a garra e a confiança no próprio taco.

Dono do premiadíssimo Vecchio Sogno, do Buffet Ivo Faria e do La Palma Pizzaria e Restaurante, este gigante mantém nos olhos o mesmo brilho que, há mais de 40 anos, despertou no menino Ivo a paixão pela culinária. Com vocês Ivo Faria, o Coração de Leão.

BB – Qual a sua primeira lembrança de infância relacionada à culinária?

IF – Tenho uma memória familiar gustativa. Minha avó, por parte de mãe, cozinhava muito bem. Minha tia era banqueteira e minha mãe toda vida teve um tempero muito bom. Agora, seguindo a tradição, minha filha, Nayara, se formou chef e está à frente do meu restaurante La Palma Pizzaria e Restaurante.

BB – Como foi sua formação profissional?

IF – Cedo descobri minha vocação para a culinária. Aos 14 anos entrei para o curso técnico de cozinha do Senac. Antes mesmo de concluir os estudos na Escola Técnica, já trabalhava como professor-assistente no Senac onde, anos depois, assumi o cargo de instrutor-chefe, substituindo o professor francês Lucien Iltis. Ele foi minha principal referência. Na profissão você tem que ter mestres. Eu me espelhava no Lucien o tempo todo. Enquanto os outros alunos corriam dele, pois ele era muito bravo, eu me aproximei dele.

BB – O que fez de você este grande mestre, enquanto tantos ficaram pelo caminho?

IF – Quando eu comecei, cozinhar era subemprego e a maioria trabalhava acomodada. Muitas vezes, se satisfaziam com muito pouco e, durante anos e anos na cozinha, se você chegasse a ser um bom chef já estava ótimo. Mas eu não me contentei com isso. Eu pensei: eu vou estudar. Já na década de 70 enxergava a profissão de uma forma diferenciada. Já me preocupava em aprender francês. Fui selecionado para uma bolsa de estudos no exterior, onde a maioria dos candidatos não alcançou o nível técnico. Me formei técnico em nutrição pelo Colégio Pio XXII e também estudei Gastronomia na Escola Hoteleira do Centro Internacional de Glion, na Suíça. Fiz ainda diversos estágios e outros cursos ligados à culinária e á administração de restaurantes.

BB – Quem são seus ídolos na gastronomia?

IF – Tenho vários que admiro: o chef e empresário Sérgio Arno ( La Pasta Gialla); o Alex Atala (D.O.M.); O Murakami (Kinoshita); o Jefferson Rueda (Casa do Porco); e o Claude Troigrois, que tem um trabalho de incentivo bacana.

BB – Como a gastronomia brasileira é vista lá fora?

IF – Eu tenho feito muita coisa fora do Brasil e todas as vezes que você faz você tem público para aulas, para degustação, muitos jornalista e formadores de opinião. Hoje, todo mundo quer conhecer o que um país tão jovem como o Brasil tem a oferecer. Essa tendência mundial da fusão (fusion cuisine) proporciona essa troca e até mesmo os grandes chefs da Europa estão curiosos para ver o que a gente tem a apresentar. Senti isso recentemente no Madrid Fusion.

BB – Qual a grande tendência no momento da gastronomia mundial?

IF – Valorizar o mais simples. No passado havia uma tendência a valorizar só os produtos caros, mas isso hoje é estar indo na contramão da tendência mundial. Até por causa do aumento da população mundial e da escassez de alimentos. Eu mesmo fiz um jantar no sul da França e na entrada tinha feijão preto, ovo e jiló. O segundo prato era canjiquinha com linguiça e o prato principal era carne de porco. Mas não o porco ibérico, o nosso leitãozinho mesmo. Em uma aula de 40 minutos para Alain Ducasse e sua equipe, tudo que apresentei foi o de mais simples, nossa cozinha de quintal. E eles ficaram encantados com sabores que nunca tinham provado antes. Ducasse depois fez um discurso dizendo que ali tinha técnica e conhecimento de preparo. A grande sabedoria é conhecer bem e aproveitar nossos produtos brasileiros.

BB – Qual é o segredo para manter a excelência?

IF – Você nunca deixar seus negócios ao Deus dará. Até hoje eu entro na cozinha, discuto, participo e acompanho de perto a minha equipe.

Nosso querido Ivo Faria, contar sua trajetória de vida no Programa Reinflexões, com o jornalista Ricardo Figueiredo.

Veja mais histórias em www.reinflexoes.com.br

Blima Bracher

Blima Bracher é jornalista, formada pela UFMG e Engenheira Civil. Trabalhou doze anos em TV como repórter e apresentadora na Globo e Band Minas. Foi Editora da Revista Encontro e Encontro Gastrô. Escritora, cineasta e cronista premiada.

Ver Comentários

Posts Recentes

Sucesso do encontro da Orquestra Ouro Preto e Alceu Valença confirma vocação dos grandes espetáculos na Praça Tiradentes

Ouro Preto assistiu a um belíssimo espetáculo gratuito na Praça Tiradentes: o encontro do grande…

24 de junho de 2025

Congados e Reinados são oficialmente Patrimônio Cultural do Brasil

Imagem: Patrick de Araújo/ PMOP Os saberes do Rosário: Reinados, Congadas e Congados são, oficialmente,…

18 de junho de 2025

Carlos Bracher lança livro na Academia Mineira de Letras

Academia Mineira de Letras recebe o gênio das cores Carlos Bracher no lançamento do livro…

16 de junho de 2025

Concurso de Fotografias para celebrar 45 anos de Patrimônio da Humanidade em Ouro Preto

Prefeitura promove 5º Concurso de Fotografia para celebrar 45 anos de Ouro Preto como Patrimônio…

13 de junho de 2025

Ouro Preto se prepara para o Festival de Inverno em julho

Imagem: Patrick de Araujo Ouro Preto respira arte e cultura ao longo de todo o…

11 de junho de 2025

Obras para prevenir enchentes em pontos estratégicos de Ouro Preto

Imagem: Divulgação/ PMOP A Prefeitura de Ouro Preto realiza ações preventivas contra enchentes e alagamentos…

6 de junho de 2025

Thank you for trying AMP!

We have no ad to show to you!