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A guardiã dos tesouros e lendas de Ouro Preto: Na mesa com Ângela Leite Xavier

Natural do Pará de Minas, formada em história pela PUC-MG e pós-graduada em História pela UFOP,  Ângela tem importante papel na preservação do patrimônio material e imaterial da cidade de Ouro Preto.

Desde que adotou a cidade Patrimônio Mundial da Humanidade como seu lar, sempre se intrigou com as histórias ocultas atrás de nomes de ruas e pontes, de locais e pessoas. Foi atrás dos mistérios dos becos e ruelas, das igrejas, chafarizes e das casas. Num exercício de pesquisa e resgate da memória das famílias locais, afinal, a frase secular é emblemática desta cidade: “Ouro Preto é um lugar além do túnel do tempo. As palavras ditas há trezentos anos permanecem em seu espaço. Quem sabe ouvir, tem o que contar.”

Foi com este interesse que Ângela trouxe à tona em seu livro “Tesouros, fantasmas e lendas de Ouro Preto” (edição independente), histórias como a de Vira-saia, o contrabandista que virava a santa de seu oratório para o lado da estrada pela qual o ouro iria sair de Vila Rica. Também nos fala de Chico Rei, que era rei no Congo e foi trazido como escravo para a colônia, mas conseguiu a alforria, fez riqueza, trouxe para as bandas de cá os costumes das congadas e também teria ajudado na construção da Igreja de Santa Efigênia. Ainda nos revela as maldições da lenda da Mãe do Ouro,  que atinge os muito gananciosos.

É um delicioso passeio por lugares, histórias, lendas, personagens, costumes, festas e nomes da cidade. Assombrações também povoam as páginas do livro, assim como o imaginário do povo local.

Sobre a alma das ruas, nos revela seus significados: o antigo Beco da Ferraria  era o local onde havia muitas oficinas de ferreiros; o Largo da Alegria, onde todos os blocos de Carnaval paravam para as brincadeiras; a Rua dos Paulistas, onde foram morar muitos paulistas, desgostosos com a derrota na Guerra dos Emboabas; ou a Rua da Glória (hoje chamada de Antônio de Albuquerque) e onde está a capela do Bonfim, para onde eram levados os condenados antes da execução.

Essas e muitas outras passagens ocultas pelo tempo, Ângela resgata. A pesquisadora é também ceramista, especialista em Restauração de Bens  Móveis Culturais , pela UFMG e contadora de histórias. Aliás, as crianças e jovens são seu grande foco, já que representou o Brasil em dois encontros internacionais da UNESCO, na Noruega e na Bolívia, para professores de Cidades Patrimônio Mundial e trouxe para Ouro Preto um programa associado à UNESCO.

O site blimabracher.com convida vocês a se sentarem à mesa com Ângela Leite Xavier, que também é autora de “Olhos de Estrela” e é casada com o pintor, pesquisador e escritor José Efigênio Pinto Coelho, que ilustra seus livros.

BB – A gastronomia pra você é?

AX – Delícia para o paladar

BB – Um sabor da infância

AX – Aletria (doce de macarrão cabelo de anjo com leite condensado e canela)

BB – Um restaurante inesquecível

AX – San Ro

BB – Qual o seu prato favorito?

AX – Peixe e legumes grelhados

BB – Vinho ou cerveja?

AX – Vinho Carmenére

BB – Doce ou salgado?

AX – Salgado

BB – Qual?

AX – Bolinhos de bacalhau, mexicanos e orientais

BB – E em Ouro Preto?

AX – O Passo Pizza Jazz e Casa Armazém Garcia

BB – Um chef

AX – Maria Emília Mendes.

BB – Um sabor de Minas

AX – Arroz com pequi

BB – Com quem gostaria de dividir a mesa?

AX – Amigos

BB – De quem dispensaria a companhia?

AX – Gente estressada

BB – Um sabor indigesto

AX – Frituras

BB – História e gastronomia se integram?

AX – A história pode ser contada do ponto de vista da gastronomia

O livro Tesouros, fantasmas e lendas de Ouro Preto, com capa ilustrada por José Efigênio Pinto Coelho

Fotos: Divulgação

Texto: Blima Bracher

Blima Bracher

Blima Bracher é jornalista, formada pela UFMG e Engenheira Civil. Trabalhou doze anos em TV como repórter e apresentadora na Globo e Band Minas. Foi Editora da Revista Encontro e Encontro Gastrô. Escritora, cineasta e cronista premiada.

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