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Artista mineira é a homenageada na Bienal das Artes 2018 com obra feita com pigmentos minerais

Fani Bracher foi selecionada com a mostra “De Pigmentos e Pedras”, por  uma comissão curadora composta por renomados críticos de artes do país: Jacob Klintowitz, Cesar Romero, Enock Sacramento, Maurício da Mata e Rinaldo Morelli. Eles foram os responsáveis por selecionar os trabalhos da Bienal SESC – DF 2018.

Sobre este trabalho da mineira, escreveu o Secretário de Estado da Cultura, Ângelo Oswaldo:

“ Significativo recorte na sua produção recente resulta em síntese perfeita para introduzir o espectador no universo das pinturas, estandartes, caixas e assemblages. As linguagens se particularizam e se comunicam, evidenciando o fio condutor, que é o sensível diálogo com os materiais da terra e a paisagem.

Murilo Mendes, num pequeno poema em italiano, saudou o reino mineral, “dove il disordine è minimo”. Fani, ao contrário, percebe uma desordem fascinante na convulsiva diversidade das formas e do cromatismo. Interessa-se pela caleidoscópica variação da pedra ao pó, tal como são achados na natureza. Uma possível ordem é estabelecida pelo garimpo dos pigmentos, visando a fusão de que sairá a matéria da criação. As cores se definem, plenas de vitalidade, e se apresentam ao público na condição de primeiro movimento do processo da arte. É a partir dos pigmentos que olhar e gesto da artista entram em sinergia para que a obra se instaure, na pintura ou nas caixas.

O tema da paisagem montanhosa, com a presença constante das nuvens, domina a pintura, enquanto a apropriação dos materiais permite que uma instalação se contenha no contexto das caixas. A nuvem é uma forma em colóquio com a montanha, e seus volumes, densos e silentes, rondam as curvas da orografia. A montanha é a suspensão do pó recolhido nos caminhos de terra colorida, evocando os rasgos sangrentos das vossorocas ou a pálida devastação das queimadas ou a misteriosa fusão das sombras no dorso das elevações.

Paisagens de mistério e silêncio parecem buscar a origem da terra e da arte. Um documentário fotográfico mostra a artista andando no leito de um córrego, a coletar pedras de rio, pouco depois a colher areia e terra nas margens  e encostas. Os pigmentos e seixos atuam intensamente na obra de arte. Com eles, Fani toca o chão de enigmas sobre os quais desde o princípio caminhamos. E nos faz ver que arte é transcendência.

Angelo  Oswaldo de Araújo Santos – Secretário de Estado da Cultura em Minas Gerais”

 

SOBRE A ARTISTA

Fani Bracher nasceu na Fazenda Experimental em Coronel Pacheco Minas Gerais. Graduada em jornalismo pela UFJF. Em 1968 casou-se com o artista Carlos Bracher e juntos viajaram para a Europa, onde viveram por dois anos. Em Portugal fez cursos de história da arte com o crítico José Augusto França e Mário Gonçalves. Frequentou o atelier do pintor Almada Negreiros e, na cidade do Porto conheceu a obra de Amadeu de Souza Cardoso. Depois de Portugal partiu em viagem de estudos pelos Museus da Dinamarca, Suécia, Finlândia, Rússia, Alemanha, Holanda, Bélgica e Inglaterra.

Fixou residência em Paris de agosto de 69 a dezembro de 70. Ainda na capital francesa participou ativamente do “Centro de Artes para estudantes e artistas americanos”, através do qual fez viagens de estudos a museus e galerias de New York e Washington. Na Espanha descobriu El Greco em Toledo, Bosch e Goya em Madri e Gaudi em Barcelona. De volta ao Brasil estabeleceu-se em Ouro Preto onde começou a pintar em 1973. Entre 1973 e os dias atuais participou de várias exposições em Museus. Centros Culturais e Galerias de Arte no Brasil e no Japão. Realizou 30 exposições individuais em cidades brasileiras e também no Uruguai, Argentina, Peru, Colômbia, Guiana Francesa, Jamaica e França. Sobre sua obra escreveram vários críticos entre eles: Celma Alvim, Rubem Braga, Wilson Coutinho, Roberto Pontual, George Racs, Ferreira Gullar, Flávio de Aquino, Walmir Ayala, Walter Sebastião, Marcelo Castilho Avellar, Frederico Moraes e Ângelo Oswaldo de Araújo.

Ganhou 14 prêmios de pintura e tem seus trabalhos incluídos em 34 livros de Arte. O livro “Fani Bracher”,  de Frederico e Ronald Polito, editado pela Salamandra Consultoria e Editora SA obteve o Prêmio Jabuti, da Câmara Brasileira do livro e o V Prêmio Fernando Pini de Excelência Gráfica, como o Melhor Livro de Arte.

Tem ainda publicado o livro “Fani Bracher”,  da C/Arte Editora, autoria de José Alberto Pinho Neves.

Atualmente a artista reside e trabalha na cidade de Ouro Preto, Minas Gerais.

 

Blima Bracher

Blima Bracher é jornalista, formada pela UFMG e Engenheira Civil. Trabalhou doze anos em TV como repórter e apresentadora na Globo e Band Minas. Foi Editora da Revista Encontro e Encontro Gastrô. Escritora, cineasta e cronista premiada.

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