Categories: Pelo Mundo

Antônio Faleiro Neto: como o jovem herdeiro conseguiu salvar e reinventar uma das marcas mais tradicionais de BH

Quem nunca ouviu falar no buffet Faleiro? Aberto em 1952, o empreendimento foi pioneiro no ramo e era presença obrigatória nas festas e eventos mais elegantes da capital mineira. Ele foi criado por seu Antônio Faleiro, que foi maître da Confeitaria Colombo no Rio de Janeiro.  Mas quis o destino, que o negócio de três gerações caísse prematuramente nas mãos de um outro Antônio, o neto do fundador.

Com apenas 23 anos, recém-formado em administração, Antônio Faleiro Neto se viu órfão do pai e com um negócio a gerir. Jovem, assumiu a presidência, mesmo diante do receio dos diretores. Com talento e afinco, não só ganhou a confiança da diretoria e dos trabalhadores, como mudou os rumos da empresa: “Meu pai sempre me colocou para trabalhar. Muito antes disso, eu já tinha muita vontade de empreender. Queria ganhar meu próprio dinheiro. Aos 10 anos eu e um amigo começamos a criar codornas para vender ovos. Começamos a vender para o nosso prédio, depois  passamos a vender para o bairro”, lembra ele.

Hoje, aos 29 anos, Antônio Faleiro Neto é um empresário de sucesso. No ano passado, tomou uma decisão arriscada: decidiu fechar o buffet depois de 63 anos de funcionamento.

Agora, dedica-se à  Faleiro Food Service, empresa que  cresceu no mercado de salgados, refeições e sobremesas congelados e teve seu faturamento multiplicado. Na contramão da crise, os números mostram que o jovem tomou o rumo certo: em 2016 o crescimento, somente no segundo semestre, foi de 32%.  Com novas técnicas e novas linhas, como a de congelados light, firmou novos parceiros, como a rede de drograrias  Araújo.

Confira tudo no bate papo com Antônio Faleiro Neto.

BB – Você assumiu a Faleiro Food Service aos 23 anos. Qual foi sua experiência profissional antes disso?

AFN – Aos 16 anos entrei na empresa. Fiz de tudo um pouco. Trabalhei com mala direta, departamento pessoal, financeiro, telemarketing, produção, logística e vendas. Com a morte de meu pai acabei tendo que assumir o controle da empresa. Neste período eu trabalhava no mínimo 15 horas por dia, inclusive finais de semana, para que pudesse conhecer de uma forma mais ampla todos os setores.

BB –  Como se deu a transformação do buffet para a indústria?

AFN – O buffet Faleiro foi o primeiro de Belo Horizonte, aberto em 1952. Trouxemos a primeira máquina de congelamento da Itália em 1997, foi quando houve o desdobramento do Faleiro Buffet para o Food Service. Conquistamos um grande mercado nesta área. Como tínhamos expertise em salgados para festa nossas receitas caíram no gosto dos donos de lanchonete e seus clientes. Fomos um dos pioneiros no congelamento ultra-rápido que não perde as propriedades dos produtos e nem o valor nutricional e não tem absorção de água. Mesmo com a indústria continuávamos a manter o buffet que foi o início de tudo.

BB –  E como vocês inseriram o negócio de refeições prontas no catálogo de produtos?

AFN – Temos um importante cliente de food service que em 2012, pretendia lançar uma nova linha em seu portfólio que fosse prática e tivesse apelo caseiro. Fomos uma das primeiras indústria a desenvolver a linha de pratos prontos completos, ou seja, com carne e acompanhamentos, aquecidos na mesma embalagem. Logo quando finalizamos todos os investimentos em maquinários e fechamos com os fornecedores,  constatamos o real potencial da linha, que rapidamente foi incorporada a grandes nomes do varejo com o início das marcas próprias.

Antes de iniciarmos a produção dos pratos prontos, os salgados representavam 100% do nosso faturamento. Hoje, os salgados correspondem a 60% da linha; 25%  são de pratos prontos; e 15%  correspondem às sobremesas. Temos produtos exclusivos no Brasil, que é o caso do pudim congelado, produto sem conservantes, que tem 150 dias de validade. Outro produto exclusivo é o brigadeiro de colher, o item mais vendido da linha.

BB –  Como a Faleiro Food Service está atenta às demandas de mercado?

AFN – Estamos sempre desenvolvendo pesquisas e buscando aprimorar nossos produtos, realizamos de 15 em 15 dias avaliações de produtos concorrentes e inovadores. Foi assim que fomos atrás de uma técnica de fechamento de embalagens denominada atmosfera modificada. Essa é uma tecnologia que amplia a vida dos produtos. No Brasil, a Faleiro é a única a utilizá-la em uma linha de salgados. Desta forma, aumentamos a durabilidade do produto em refrigeração de 24 horas para 14 dias, sem qualquer perda de sabor e qualidade e sem utilização de conservantes. Neste ano também inauguramos um setor de pré-pesagem que evita desperdícios e elimina possibilidades de contaminação por embalagens. Também garantimos a rastreabilidade de todos os nossos produtos. Isso significa que sabemos quais ingredientes foram usados, de quais fabricantes e os lotes de matérias-primas utilizados. Trabalhamos com uma equipe de engenheiros de alimentos, engenheiros de produção, chefes de cozinha e nutricionistas para garantir o controle dos processos produtivos. Além disso, contamos com laboratório interno que faz análises desde a matéria prima até o produto final.

BB – Quais são as novidades da marca?

AFN – Lançamos produtos light da linha de refeições prontas: o canelone de abobrinha e escondidinho de batata doce com frango. O primeiro tem 30% menos sódio e 26% a menos de calorias;  e o escondidinho de batata doce tem redução de 32% de sódio e possui baixo teor de gordura. Lançamos também o filé de frango ao molho de mostarda com arroz primavera e purê de batata baroa.

BB –  Quais foram os resultados desse ano e quais os planos da Faleiro Food Service para o futuro?

AFN – A nossa expectativa é de fecharmos o ano de 2016 com um crescimento superior a 40% frente a 2015. Atualmente a cada 10 pontos de vendas de lanchonetes que terceirizam a fabricação de alimentos em Belo Horizonte, 8,3 possuem algum dos produtos Faleiro. Para os próximos anos desejamos continuar investindo e apresentar ao mercado cada vez mais produtos com apelo caseiro, livres de conservantes. Queremos estar presentes na mesa de nossos consumidores desde o café da manhã ao jantar. Também estamos de olho nos mercados dos  Estados Unidos, México e Chile.

Foto: Rafael Carrieri

Texto

#blimabracher @blimabracher

Blima Bracher

Blima Bracher é jornalista, formada pela UFMG e Engenheira Civil. Trabalhou doze anos em TV como repórter e apresentadora na Globo e Band Minas. Foi Editora da Revista Encontro e Encontro Gastrô. Escritora, cineasta e cronista premiada.

Posts Recentes

Começam neste sábado, 23/11, as celebrações de Natal em Ouro Preto

Imagem: Patrick Araújo As celebrações de Natal em Ouro Preto começam neste sábado (23), com…

21 de novembro de 2024

Clara Castro mostra a força jovem da música mineira dia 29/11 na Casa da Ópera

No dia 29 de novembro, na Casa da Ópera de Ouro Preto – teatro mais…

21 de novembro de 2024

Última edição do ano das Sextas Abertas da FAOP

O projeto multicultural Sextas Abertas, da Fundação de Arte de Ouro Preto (FAOP), alcança a…

20 de novembro de 2024

Ouro Preto reverencia o Mestre Aleijadinho em seus 210 anos de morte

Nesta segunda-feira, 18 de novembro, Ouro Preto prestou homenagem aos 210 anos da morte de…

19 de novembro de 2024

Oficina gratuita de guirlandas em Cachoeira do Campo

Em clima de Natal, a Casa de Cultura de Cachoeira do Campo vai oferecer no…

18 de novembro de 2024

Carlos Bracher recebe Comenda Guimarães Rosa em Barbacena, MG

Na noite do dia 16 de novembro o Instituto Brasileiro Rotary de Literatura, o Ibrol…

18 de novembro de 2024

Thank you for trying AMP!

We have no ad to show to you!