Drácula – Minissérie da Netflix, assinada por Steven Moffat ( leis-se Sherlock e Doctor Who). Dá uma roupagem moderna ao personagem já manjado e caricaturado do temido conde Vlad ( Luke Evans) , da Romênia, conhecido como Vlad Drakul. Nasceu em 1431 e faleceu em 1476. Ficou conhecido pela brutalidade com que tratava os inimigos, sendo o temido Vlad o Empalador. A série mostra o lado humano do personagem, suas questões familiares, amores e traz alguma razão para a prática de ações tão cruéis, já que teve o filho sequestrado pelo Império Turco Otomano.
As cenas são belas, a ambientação de época, embora com ares de contemporaneidade, o figurino impecável. A minissérie mostra os dilemas existenciais do homem por traz da lenda. O humano por traz do monstro.
A história real é contada, com pequenas pitadas sobrenaturais, que não comprotetem o relato histórico. O viés sobrenatural no entorno da figura do “vampiro” sanguinário não é a essência da narrativa, como de costume em filmes e séries onde o tema é explorado.
Dirilis Ertrugul, O grande guerreiro Otomano – O Bei Ertugrul ( Engin Altan) , nascido em 1198 na tribo nômade turca dos Kayis e falecido em 1281 realmente existiu. Era um dos quatro filhos do Bei Shuleyman Sha e de Haime Hatun. O povoado rural ficou acuado entre os ataques dos mongóis e a ira dos templários. Aliás, um ponto positivo da série é mostrar a religião Islâmica em sua essência e desmascarar a falsidade por traz das intensões dos Templários, sempre exaltados em séries ocidentais, como é o caso da norte-americana Knightfall .
Mostra os costumes turcos em sua essência, sem as distorções causadas por extremismos e guerras pelo poder. O Alcorão é lido em algumas cerimônias e no qual, Jesus Cristo é um dos apóstolos da paz.
Destaque para as roupas impecáveis, os belos animais, as músicas contagiantes, as belas cenas de dança e as batalhas em câmera lenta, mostrando a destreza dos turcos com as adagas, que trocam de mão com guerreiros ou alps com técnicas de lutas sem escudos, apenas com o uso de espadas, que muitas vezes são usadas em dupla por um mesmo guerreiro. A série é assinada por Metin Günay.
Vikings – A série inverte nosso ponto de vista, valorizando a cultura primitiva dos vikings, mostrando suas tradições e crenças, bem como sua vida em família, hierarquias e valores espirituais. Os escandinavos em 800 D.C. saem busca de terras mais férteis e tesouros.
A justiça tem sua lógica particular e imediata em questões de atritos e desavenças.
O lado humano e cosmopolita esta presente na relação de amor e amizade que se estabelece entre o Viking Ragnar Lothbrok ( Travis Fimmel) e o monge Athelstan ( George Bladgen) . Eles comungam de um ideal humanitário de igualdade entre os seres que se ligam muito mais por afinidade e amor do que por qualquer outro vínculo. O monge Athelstan, por sua vez, aceita o bracelete Viking, dado aos guerreiros das tribos Escandinavas e Ragnar aceita o batismo cristão.
O homossexualismo é tratado com naturalidade e o amor entre iguais visto como algo absolutamente comum, prova disso é o relacionamento entre Lagertha ( Katheryn Winnick) e Astrid (Josefin Asplund) .
As mulheres vão à guerra e escolhem seu destino. A superação dos limites físicos se personificam em Ivar, Ragnarsson, o Desossado (Alex Andersen), apesar de não ter o movimento das pernas consegue superar-se e torna-se um grande líder comandante Viking . – A possibilidade de escolher seu próprio destino é mostrada pela transformação de Rollo, irmão de Ragnar e grande líder Viking em um nobre da Europa, Rollon I, fundador da Normandia.
As cenas e ambientação são belíssimas, as batalhas e rituais chocam pela realidade brutal e bastante cruel. O povo escandinavo primitivo, com seus adereços, roupas, cabelos e barbas atraem pelo exotismo e beleza. Direção de Michael Hirst
– The Last Kingdom – apesar do olhar ser baseado nas crônicas saxônicas de Bernard Cornwell, que se liga diretamente à formação da Inglaterra, os costumes Vikings são expostos, bem como suas crenças e rituais espirituais. Utread ( Alexander Dreymon) , um saxão sequestrado e criado entre os vikings transita entre os dois universos, sendo, ora atraído , ora desafiado por suas convicções culturais. O choque cultural entre escandinavos e bretões é o tempo todo colocado em confronto. O poder das Wiccas ou bruxas são mostrados nos personagens de Skade (Thea Sophie Lock Naess e Brida ( Emily Cox). A interligação e fusão entre essas culturas é mostrada com alianças, amores, paixões e casamentos.
Produção maravilhosa, com locações incríveis e figurinos impecáveis. Fotografia trabalhada. Direção de Stephen Butchard.
- Últimos Czares – a lendária história de Nicolau II e sua família assassinada pelos bolcheviques é contada com pormenores históricos, como a influência do guru Rasputin (Ben Cartwright) sobre a czarina Alexandra Feodorovna ( Susanna Helbert) e um possível romance entre os dois. A triste sina dos Romanov, a chacina da família não são poupadas em detalhes, bem como a doença do czarevich Alexei. As chacotas de época, a fragilidade e ineficiência de Nicolau em enxergar os problemas e mudanças estruturais da Rússia, o crescimento da insatisfação popular e a fragilidade de se conservar um sistema baseado em luxo e riqueza para poucos e penúrias para a maioria, mostram detalhes da história que ecoaram no ocidente, mas que mudaram e dividiram as relações ocidentais e orientais e culminaram no estabelecimento da famosa Guerra Fria entre EUA e URSS.
Roupas e cenários magníficos. Bela fotografia.
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