Crônicas

Roberto Carlos na 040 ou uma homenagem aos 80 anos de Rei

O retorno do Rio é sempre algo penoso , afinal, deixar o paraíso é, há cada quilômetro, doído pra mim.

Pulei pro banco de trás pra dormir. Ricardo resmungou. Descemos a serra e cochilei. Quando dei por mim estávamos numa parada, entre Juiz de Fora e Barbacena. Abri os olhos e dei de cara com uma placa: “Vende-se carne de jacaré”. Por alguns instantes senti medo: será que Ricardo havia parado para comprar esta iguaria exótica?

Pra minha surpresa ele voltou com um presente ainda pior: um coraçãozinho de pelúcia, com dois bracinhos: “I love you.”

Sorry, baby, mas isso não entra em casa (o bom de estar casado é que dá pra recusar presentes…kkk)

Propus a troca.

Ele voltou com dois CDs: um Love Hits, daqueles rocks mela cueca de propaganda de Hollywood. E uma coletânea de Roberto Carlos.

Optei pelo Rei, claro. Afinal, quem é Rei nunca perde a majestade. Infame dia sem inspiração, mas minha porção de súdita falou mais alto.

À medida em que as músicas iam tocando era como se passasse um filme da minha vida. Ouvir Roberto Carlos é como abrir um diário. Goste você ou não dele, não há como não acessar nosso HD emocional.

Ouvindo “Eu quero ter um milhão de amigos e bem mais forte poder cantar”, estava eu criança correndo pelo Morro da Forca nos concursos de papagaio. Papai sempre me aplicou em programas de meninos. De modo que sempre adorei papagaios, peladas, enduros e corridas.

Depois escutamos “Olha”, “Proposta” e “Falando Sério”. Mas foi ouvindo “Eu cheguei em frente ao portão, meu cachorro me sorriu latindo”, que vi uma lágrima nos olhos do Ric. Ele se lembrando de Vargem Grande, de quando sua mãe o esperava cheia de carinho e estrogonofe com arroz soltinho.

Uma das músicas falava dos sonhos que deixamos pelo caminho. E, emotiva como estou me lembrei de todas as Blimas que já fui: a criança, a adolescente, a estudante, a profissional, repórter, atriz, editora. Continuo firme como colunista e agora escritora.

E, neste funil que é viver, quando olhamos pelo retrovisor, vemos muitas conquistas, e pelas “Curvas de Santos” sempre dá para nos reencontrarmos. “Detalhes” tão pequenos de nós mesmos, esquecidos nas gavetas da memória, afloram tão quentes e passionais como antes. Afinal, Roberto pisa fundo. E como não querer ser “o sabonete que te alisa embaixo do chuveiro”, quando se está apaixonado.

Talvez, “Sua estupidez” não tenha deixado que nossa vida tomasse outro rumo. Mas fazer o que , se sempre curti a letra “você é mais que um problema, uma loucura qualquer, mas sempre acabo em seus braços, na hora que você quer”.

Blima Bracher

Blima Bracher é jornalista, formada pela UFMG e Engenheira Civil. Trabalhou doze anos em TV como repórter e apresentadora na Globo e Band Minas. Foi Editora da Revista Encontro e Encontro Gastrô. Escritora, cineasta e cronista premiada.

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