Crônicas

Porque a “Travessia” atravessou samba?

Enquanto todos falavam sobre a atuação ( ou a falta de) Jade Picon, o buraco  que sugava a ” Travessia” de Glória Perez estava bem maior. Praticamente, um vácuo do Titanic num prenúncio de fracassos enfileirados. Tudo bem que ressuscitar a boneca ” Anda neném” da Estrela, dizendo “eu te amo papai” já é motivo pra trocar, na hora, de canal. A mocinha com ares de anos 50 não conversa com a rival, sua antagonista, brasileira retada, batedora de tambores do boi, resvalando uma sensualidade anos 70 ao som de Roberto Carlos nas pretensas cenas quentes com Oto. A trama está tão perdida que nem o apelativo corpo dourado de Brisa  resvala em pontos no ibope. Se a temperatura sobe? Brincadeira, né? Bate apenas uma brisa morta desfocada em cenas distorcidas no melhor estilo abertura de ” Mulheres de areia”.                                                  Desta vez o caldeirão cultural que costuma ser a fórmula pronta do bolo de Glória Perez desandou feio. O folclore dos azulejos e bois maranhenses não surtiram efeito na dupla chata do professor e da  esganiçada  matriarca Drica Moraes. Um vai e vem de personagens que aparecem ora no Rio, ora em Maranhão numa confusão de vai e vem que nem o jatinho de Oto consegue dar demanda.                                    Tia Cotinha, coitada, resolve tudo. De piti de adolescente, a namorado que não dá no coro, passando pela languida Guida escutando o marido mafioso atrás da porta. Alessandra Negrini  encarnou uma  engraçadinha cinquentona sem graça, desfilando o derriére re e enroscando cabelos.                         A química  de Stênio e Helô brochou de vez com o tom exagerado da delegada durona que assusta até  os adeptos de sadomasoquismo.                             O tradicional reduto boêmio de Glória Perez, agora ambientado em Vila Isabel tá mais chato que Dona Bela tentando ser gostosa e jogando charme pra Vandami.                      Pra piorar a situação só mesmo a disputa dos ego masculinos. Alexandre Nero fez bichectomia e murchou. Perdeu o poderes de Comendador e fica  piando fino quando contracena com o pavão Moretti. Misto de Raj, o Astro e Alexandre ( de Verdades Secretas), Rodrigo Lombardi parece estar sempre posando para catálogo de moda e perfumes entre caras e bocas e expressões corporais. Guerra se engessou na jaqueta de couro  e não emplaca mais o sedutor machão anos 80. A fórmula envelheceu. Rômulo Estrela ainda tenta encontrar verdade. Mas muito da Estrela se perdeu com as partners de ‘Verdades Secretas”. E Chay Sued parece um ventriloquo  com aquela sua cópia que atende pelo nome de Antônio.  Fui.                            Com Blima Bracher #blimabracher http://@blimabracher

Blima Bracher

Blima Bracher é jornalista, formada pela UFMG e Engenheira Civil. Trabalhou doze anos em TV como repórter e apresentadora na Globo e Band Minas. Foi Editora da Revista Encontro e Encontro Gastrô. Escritora, cineasta e cronista premiada.

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