Crônicas

O sonho de Luma de Oliveira virou meu pesadelo


Tem coisas que só acontecem comigo, ou será que meu olhar de cronista vê além das aparências?
Estava eu na piscina térmica no Clube da Barra. Nadando, solitária e imersa em pensamentos rolantes, embalada pelo fluido das águas.
Meu horário é escolhido às 13h30, para fugir da multidão e colocar a mente em ordem.
De repente a água se aquece rápido. As luzes se ascendem. Sai do vestiário masculino um rapaz de sunga vermelha. Ok.
Vejo vultos na parede molhada de vidro, Entram dois bombeiros fardados.
Com meu instinto de repórter, logo imagino: – Putz, chamaram os bombeiros. Este aquecedor deve estar fervendo e eu vou virar canja no OPTC. O triste fim de Blima, a mulher que virou sopa na piscina térmica.
Viro-me depressa em direção à escadinha.
Foi então que ouvi um estrondo atrás de mim. Um batalhão de rapazes do corpo de bombeiros pulando em uníssono.
Meu Deus, as sunguinhas vermelhas pulando de todos os lados.
Ainda bem que sou bem casada, com um instrutor de mergulho e ainda por cima, nado muito bem.
E, graças a Deus não enxergo bem, ainda mais com a máscara de natação.
“Haja naturalmente”, pensei.
Dei batida olímpica na raia 2,volto nadando peito, calmamente. “Daqui não saio , daqui ninguém me tira.”
Peraí, a conta não fecha. São seis raias: cinco, tirando a meeeenha. Como vão caber os 30 rapazes e o instrutor fora d’água.
Vou levar mãozada imersa nas águas, como de outra vez? Um rapaz adolescente, destes que as pernas e braços cresceram antes do corpo me deu duas raquetadas nela. Sim, a própria.

Eu sonhando com uma piscina de dinheiro e a Luma preferiu mergulhar numa piscina de bombeiros?
Oh BB, sonho dela virou seu pesadelo…
Como golfinhos enfileirados obedeciam ao comando: “_ Pula peixinho”.
Estavam felizes. Alguns latiam para os outros como se tivessem um código secreto.
Também me senti uma roupa na máquina de lavar, tamanho redemoinho se formou.
Por fim senti-me uma câmera disfarçada da Globo. Aquele espião robô, que são máquinas como bichos em seu habitat.
Quem disse, BB, que Jesus não te escutou? Ser bombeira não era seu sonho de criança?

PS. Com todo respeito aos bombeiros, nossos grande heróis que admito muito. Me perdoem as licenças imaginárias.

Blima Bracher

Blima Bracher é jornalista, formada pela UFMG e Engenheira Civil. Trabalhou doze anos em TV como repórter e apresentadora na Globo e Band Minas. Foi Editora da Revista Encontro e Encontro Gastrô. Escritora, cineasta e cronista premiada.

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