Crônicas

“Dois Papas”: deliciosa surpresa na corrida pelo Oscar

Passando do ritual pomposo de beber vinho até chegar ao brinde informalíssimo diante de uma partida da Copa, onde Argentina e Alemanha se enfrentam, “Dois Papas” do diretor brasileiro Fernando Meirelles foi desnudando batinas e humanizando o então Papa Bento XVI e o futuro Papa Francisco.
Assim, a sacada de descrever este inédito encontro histórico, de Vossas Santidades em vida, no enredo escrito por Anthony McCarten é uma agradável surpresa nesta corrida pelo Oscar 2020, que acontece dia 9 de fevereiro.
Um filme de diálogos, onde a maestria dos atores hipnotiza sem recorrer a efeitos especiais; duelos entre beldades (sorry, Tarantino); malabarismos corporais (perdão ao Phoenix) e a outras qualidades que nos deixaram a todos, os cinemaníacos, estatelados diante dos fortíssimos concorrentes às estatuetas deste ano.
O humor sutil e a comédia velada vem nas entrelinhas dos rituais de sucessão papal, nos encontros de cardeais, e se acentua nos olhares e sorrisos de cantos de boca, ora na juvenil simplicidade do cardeal Jorge Bergoglio, ora na adorável austeridade rabugenta de Ratzinger.
O enigmático Bento XVI vai se revelando entre goles de Fanta, gulodices com pizzas e até na inesperada fugida à Capela Cistina lotada de turistas (reconstruída em cenário para o filme).
A fragilidade do homem de quem se espera falar por Deus está descrita em olhares questionadores, onde um Anthony Hopkins (indicado a Melhor Ator Coadjuvante) atormentado, deixa escapar medos infantis que assolam mesmo os Papas diante da complexidade da vida e dos mistérios contidos em burocracias seculares.
O hilário Jonathan Pryce (concorrente a Melhor Ator), não deixa por menos ao encarnar a simplicidade cativante, que beira a um delicioso pieguismo portenho de Bergoglio.
Independente de crenças e credos, “Two Popes” é cativante, pois mostra o encontro de dois senhores, que se descobrem meninos, em suas memórias, angústias e paixões.
Cada um ao seu talhe, seja no compasso do tango de “los mas anchos del mundo”, seja na mancha histórica herdada pelos alemães, o filme retrata dois homens deslizando pelas infinitas possibilidades da vida.

Blima Bracher

Blima Bracher é jornalista, formada pela UFMG e Engenheira Civil. Trabalhou doze anos em TV como repórter e apresentadora na Globo e Band Minas. Foi Editora da Revista Encontro e Encontro Gastrô. Escritora, cineasta e cronista premiada.

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