Crônicas

Crônica, por Blima Bracher: “Uma mulher de oncinha não quer guerra com ninguém”

Um dia meu ex- namorido abriu meu closet e falou: ” Blima, se o Ibama vier aqui vai apreender todas as suas roupas”
Foi quando me dei conta de que tinha até um kaftan de onça brilhante que usava como mini vestido e que foi a muitas festas por aí. O scarpin , meu cachorro fez questão de comer, Graças a Deus. Mas tinha tênis, cinto, calça, vestido, joias. Se não fosse a estampa era um broche ou anel com a carinha da onça. .Você aí! Você mesma, mulher sis, trans ou qualquer ser humano com a alma feminina. Vai na sua gaveta mais escondida e encontrará uma meia, uma calcinha, um cinto, ou uma bolsinha que seja, com estampa de oncinha. Ah, vai. Confessa!!! Ultimamente, elas andaram um pouco escondidas, porque, vamos combinar: a estampa é brega mesmo. Mas com o revival dos anos 2000 elas voltaram com tudo. E, vestir uma onça, nem que seja num detalhe é uma capa de força e poder sensual para mulheres. Não sei se por tempos imemoriais de caçadas nas cavernas, mas o inconsciente feminino, nem que seja em seu lado mais piriguete , ama uma oncinha no corpo. Meu Deus: aí começaram os abusos. Onça com renda: pleonasmo total, criado por Versace. Onça com flores: na coleção de Dolce & Gabbana. E o pior: onça com babados do Brás mesmo. Imagine uma onça cheia de pregas na natureza. Não seria uma onça, seria um mico. E se você acha que escapou porque não tem onça, mas tem piton, leopardo, zebra e afins: você se encaixa na mesma categoria das Onçalovers. Uma mulher vestida de onça não quer guerra com ninguém… Ou será que se sente tão poderosa que se imagina a mais sedutora das criaturas? Dá- me um grrw!!! @blimabracher foi indicada como das 10 melhores cronistas do Brasil pelo @premiojabuti, com o livro ” Estrábica ” , em 2022. Tb ganhou o Prêmio @sescbrasil de Literatura, Categoria Crônicas Rubem Braga, com a crônica ” Você passeia de Rolls Royca no meu coração “.

Blima Bracher

Blima Bracher é jornalista, formada pela UFMG e Engenheira Civil. Trabalhou doze anos em TV como repórter e apresentadora na Globo e Band Minas. Foi Editora da Revista Encontro e Encontro Gastrô. Escritora, cineasta e cronista premiada.

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