Crônicas

Crônica, por Blima Bracher: ” Ele dormia de valete pra não ter que sentir hálitos alheios “

Crônica, por @blimabracher: ” Ele dormia de valete pra não ter que sentir hálitos alheios” Quando ele deu um espremedor de frutas e ela o jogou no lixo, ainda embrulhado em papel colorido, ele percebeu que ela nunca seria mãe. Então ele  começou a botar em prática seu plano: se afastaria pouco a pouco, como quem.precisa manter aceso um elo infinito e pujante.                                           Mas ela não percebeu, ou fingiu que não viu

Ele procurava pelas ruas.                Olhava…                                                        Se esgueirava…                              Se entregava.        Dormia de valete pra não ter que sentir hálitos alheios …                           Alguém que pudesse guardar seus gens por mais algumas gerações, já que ele também era um elo perdido.                                 Então ele achou.  E calculou, milimetricamente, o momento para dispensá-la. O erro, teria que partir dela. Uma palavra mal dita. Malditas noites em cativeiro. E estourou. Saiu veloz pelo corredor. Ela bateu a porta, com a esperança de escutar o toque e o abraço costumeiros. Mas , no fundo, já  sabia.  E ela também dormiu de valete. Sem traí-lo.  Apenas colocando seus óculos no lado oposto dos óculos do novo amigo. Então ela foi arrancada do tabuleiro. Já não podia escolher maridos. Carregava o peso de ser mulher e artista.   Blima Bracher

Blima Bracher

Blima Bracher é jornalista, formada pela UFMG e Engenheira Civil. Trabalhou doze anos em TV como repórter e apresentadora na Globo e Band Minas. Foi Editora da Revista Encontro e Encontro Gastrô. Escritora, cineasta e cronista premiada.

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