Anitta Doc ou chegou a patroa
Quando você tem o melhor a oferecer, você também deve cobrar o melhor dos outros. Essa foi a mensagem que tirei assistindo à série documentário, original da Netflix, “Anitta, Made in Honório”. Dirigida por Pedro Waddington e com direção artística do pai, Andrucha, a produção da Conspiração filmes faz um passeio interessante pela vida e obra da cantora brasileira que começou na favela e atingiu o topo de sua carreira, que ela chama de um platô de estabilidade.
Ao contrário de muitas outras moças que rebolam com figurinos minúsculos, Anitta saiu rapidamente de suas festinhas regadas a cerveja de garrafa e bombom de coco, aos mais altos topos da paradas internacionais. Pra ela, o céu é o limite, voando de jatinho para os quatro cantos do mundo.
Muitos se ativeram e jogaram pedras, no fato da cantora ser extremamente exigente com sua equipe. Já eu, em nenhum momento tiraria a razão dela, afinal, sempre pontual e pronta, Anitta dá conta de cada detalhe de sua marca, desde os passos dos bailarinos ao mais alto escalão de escolhas de marketing, passando por todas as etapas da construção de sua marca.
Uma visão de águia, dominando cada centímetro, e exigindo de seus parceiros nada mais do que aquilo que ela oferece: a perfeição.
Acostumados ao famoso jeitinho brasileiro, devem se assustar com a mulher, favelada, mestiça, com menos de 1m70m e com figurinos pra lá de sedutores, dando ordens ( e broncas) aqui e ali.
Anitta mostra que lutou pra chegar onde quis e, por isso, não é uma boneca de corda que os produtores poem onde bem entendem.
Seu time, escolhido entre os melhores, dá o sangue pra acompanhar a cabeça cheia de ideias da patroa, que se dá ao trabalho de adaptar o show a cada estilo do Brasil e aos moldes de cada país que visita no mundo. Estudiosa, aprendeu francês, italiano, espanhol e inglês. Quer tocar piano e manda bem nos atabaques.
Adepta de religiões de origem africana, não deixa a fé de lado, mas faz por onde merecer.
Sua postura, lembrou-me muito a de Michael Jackson, que ensaiava à exaustão, passando a limpo e questionando cada detalhe do seu show, numa visão que só os gênios tem.
Buscando parcerias internacionais consagradas como Madonna, Black Eyed Peas, Cardi B e Snoop Doog, ela não se esquece de dar espaço pra quem tá começando na favela.
Aliás, senti falta de acompanhar no doc os bastidores dos clipes e presenças internacionais, o que o valor dos direitos autorais deve explicar.
Aliás, Anitta é uma metralhadora de clipes, capaz de lançar quase que, simultaneamente, hits em três continentes, como se fossem esquinas de seu antigo bairro Honário Gurgel.
Fã que sou de funk, desde Claudinho e Buchecha, já fiz aulas e pretendo voltar depois da vacina. Acho um ritmo alegre, que tem potencial. Como todo ritmo nascido na favela, tem muito preconceito. Com o samba e o jazz americano foi assim.
Dizer que Anitta é muito mais que uma bunda rebolativa é chover no molhado. Eu que acompanho seus stories, vejo o engajamento político, social e ambiental da moça, que aos 27 anos atingiu o status de musa internacional, pra desespero dos que torcem o nariz. E são mais de 50 milhões de seguidores no Instagram
https://www.instagram.com/anitta/?hl=pt-br
Afinada, desde os tempos de coral na igreja, o furacão Larissa ( seu verdadeiro nome) passa e deixa rastros, queiram ou não os pudicos. Aliás, ser verdadeira é algo que ela faz questão e que deixa muitos bolados por aí. Mas, faz parte do show. Ela mostra o Brasil, aquele que toma sol na laje, que se banha na boleia do caminhão ou faz das caixas d’água piscina.
Anitta é dessas pessoas que parecem saídas de um conto de fadas. Enquanto ela não chega, tudo dorme, tudo está parado, é ela quem dá o play e apaga as luzes, na hora que quer, afinal, “Chegou a Patroa” .
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