O livro “Restaurante da Escola de Minas de Ouro Preto (REMOP): um patrimônio cultural universitário brasileiro e marco da assistência estudantil”, que é de autoria de Otávio Luiz Machado (Jaka) e foi produzido pelo Ponto de Cultura Acervo Otávio Luiz Machado, traz a história da gestação de Ouro Preto como uma cidade tipicamente universitária, inclusive com o apoio da então Diretoria do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (DPHAN) – o atual IPHAN. Mas com a inauguração do Restaurante da Escola de Minas de Ouro Preto (REMOP), em 1959, Ouro Preto passou a contar com equipamentos públicos básicos da vida universitária, além de se tornar um local de maior concentração e reprodução de práticas culturais coletivas estudantis. O Remop está inserido na história de reconstrução de um importante prédio do conjunto do patrimônio cultural brasileiro. Um prédio que pertenceu à Santa Casa de Ouro Preto, foi sede da Assembléia Provincial de Minas Gerais e Forum. Foi quase durante o término das principais partes das obras de reconstrução (1958), que foi tomada a decisão de destinação do porão do prédio como restaurante universitário. A partir daí os estudantes construiram sua história se ligando diretamente a esse bem cultural de grande valor histórico. A participação de figuras da DPHAN, como o diretor-geral Rodrigo Melo Franco de Andrade, o chefe do 3º Distrito Sylvio de Vasconcellos, o diretor da DET Lúcio Costa, o diretor da DCR Renato Soeiro e o chefe do Escritório de Ouro Preto Ivo Porto de Menezes (dentre outros), na transição quando da decisão da ocupação da parte inferior prédio do Fórum como restaurante universitário – após a efetiva articulação do Diretório Acadêmico da Escola de Minas de Ouro Preto –, só denota que os estudantes tiveram protagonismo na preservação do patrimônio cultural contracenando com figuras históricas do Brasil. Os mais diversos personagens do mundo acadêmico e político também estiveram envolvidos na concretização do restaurante dos estudantes, como o presidente JK, o ministro da Educação Clóvis Salgado, o reitor da Universidade do Brasil Pedro Calmon, o governador de Minas Gerais Bias Fortes, o prefeito de Ouro Preto Aristeu Barbosa, o diretor da Escola de Minas Salathiel Torres, o vereador Sebastião Francisco (Maria Preta), os deputados federais Israel Pinheiro e Gustavo Capanema, o senador Arthur Bernardes Filho, o presidente da Chesf Antônio José Alves de Souza e vários outros. Em suma, o REMOP é um patrimônio cultural universitário importante para o conjunto do sistema universitário brasileiro. A sua criação está dentro do contexto de expansão do ensino superior brasileiro, assim como dos movimentos estudantis que tinham como pauta e luta a moradia estudantil, o restaurante universitário, a qualidade da educação e a ampliação de vagas para estudantes nas universidades.
DADOS BIOGRÁFICOS DO AUTOR DA OBRA: é historiador formado pela Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP), Ex-Aluno da República Aquarius, editor da Editora Prospectiva, coordenador do Ponto de Cultura Acervo Otávio Luiz Machado e autor de diversos projetos e publicações. É autor da proposta de registro da vida republicana das repúblicas da UFOP como patrimônio imaterial de Ouro Preto. É autor de “Sentidos de Pertencimento e Identidade Cultural” e outras obras. Foi palestrante convidado do 3º Seminário Patrimônio Cultural Universitário, que aconteceu na Universidade de São Paulo (USP) entre os dias 03 e 06 de setembro de 2024.
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