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Orquestra Ouro Preto: 20 anos, Academia e novos planos

Com 20 anos de atividades ininterruptas, a Orquestra Ouro Preto se mantém na vanguarda brasileira e mantém a formação ativa desde a sua fundação com recursos incentivados e com a gestão empreendedora de seu diretor artístico e regente titular, Maestro Rodrigo Toffolo.

A Temporada 2020 traz boas notícias. A Série Domingos Clássicos, em Belo Horizonte, será ainda mais especial, marcando as comemorações dos 20 anos da formação. Serão 10 apresentações no Grande Teatro do Sesc Palladium promovendo uma viagem à sua discografia. Cada mês, um disco “subirá” ao palco, promovendo uma grande festa. Uma das novidades é que as vendas de todas as apresentações da temporada serão abertas logo em março. Para ficar ainda melhor, quem comprar os 10 concertos até o dia 21 de março, véspera da primeira apresentação, nas bilheterias do teatro, ganhará 10 discos da discografia da Orquestra.

Dois lançamentos prometem levar ainda mais fãs ao encontro da Orquestra. Após o sucesso da primeira edição, o projeto Valencianas II continua com novas músicas no repertório e mais sucessos da poesia que mistura as ladeiras de Olinda (PE) às ladeiras ouro-pretanas. Ao lado do mestre Alceu Valença, a Orquestra fará uma turnê nacional lançando o CD e o DVD, gravados em janeiro deste ano em Portugal.

Outro destaque é o lançamento do CD “Beatles II”. O segundo trabalho dedicado à discografia do quarteto de Liverpool terá uma turnê que percorrerá o interior de Minas Gerais. Nacionalmente, a Orquestra se apresentará com os concertos “O Circo de Charles Chaplin”, “O Tom da Takai”, em companhia de Fernanda Takai e “Tirando a Casaca”, parceria com o multitalentoso artista, Antônio Nóbrega.

O ano também será marcado pelas comemorações dos 250 anos de Beethoven. “Vamos fazer uma imersão em sua obra. Durante apenas dois dias, vamos apresentar seus cinco concertos, celebrando o aniversário de um dos mais importantes compositores da música. Como convidados vamos receber o premiado pianista Cristian Budu”, conta Rodrigo Toffolo.

Domingos Clássicos

O Sesc, ciente da força e da importância da Orquestra Ouro Preto, seguirá com a parceria em 2020 por meio da Série Domingos Clássicos. Para a Gerente de Cultura do Sesc em Minas, Janaina Cunha, manter a parceria com a Orquestra Ouro Preto como residente é o amadurecimento de uma colaboração que tem dado mais certo a cada ano. “O Sesc e a Orquestra são múltiplos e se identificam nessa pluralidade, em um movimento constante de atender a um público cada vez mais diverso. Estamos felizes em anunciar a nova temporada, tão importante para a Orquestra, que completa 20 anos de atuação, e para o Sesc em Minas. Reafirmamos nosso compromisso de levar ao público uma programação pautada na excelência e na diversidade, proporcionando novas oportunidades de interação e conhecimento. A realização de uma série regular, durante todo o ano, é uma importante iniciativa em favor da música de concerto e da formação de público na cidade”, afirma.

A primeira apresentação do ano será no dia 22 de março, com o concerto “Latinidade”, retomando o início da trajetória da Orquestra. Em abril, no dia 12, será a vez do “The Beatles”. “Quem Perguntou Por Mim: Milton Nascimento e Fernando Brant” é a apresentação do dia 03 de maio. Já em junho, no dia 07, é a vez de “Oito Estações – Vivaldi e Piazzolla”. No mês seguinte, julho, o Grande Teatro recebe o concerto “Música Para Cinema”, no dia 12.

Agosto será a vez de “O Pequeno Príncipe” no dia 02. O “Concerto para Cordas – Vivaldi” será apresentado no dia 20 de setembro. Em outubro, o Sesc Palladium recebe o “The Beatles – Volume II” no dia 18. A penúltima apresentação do Domingos Clássicos será em novembro com o lançamento do disco “Ritmos Brasileiros”, no dia 08. E, encerrando a agenda de 2020 da Série, o “Especial de Natal” será apresentado no dia 09. O Domingos Clássicos é realizado um domingo por mês sempre às 11h.

O projeto surgiu como uma proposta do Sesc em Minas, em parceria com a Orquestra Ouro Preto, de democratização do acesso à música. Além das apresentações com ingressos a preços acessíveis, o público participa de atividades formativas, aproximando-se, ainda mais, do universo erudito, por meio do “Fala, Maestro!”, ação realizada antes de cada concerto. Momento em que o público tem a oportunidade de dialogar com o Maestro Rodrigo Toffolo e entender melhor sobre o repertório que será apresentado.

Além da música

Além de se destacar na área musical, a Orquestra Ouro Preto também desenvolve trabalhos de empreendedorismo social voltados para a cultura e educação. São ações que visam ampliar o acesso à música de concerto e formar profissionais da área. O maestro afirma que democratização e coletividade são pilares que marcam os projetos da formação que vão além da música. “Trabalhamos pela democratização da música em todas as suas esferas e também pela ampliação do acesso à cultura com os nossos projetos socioeducacionais. Procuramos fazer tudo de maneira não convencional para oferecer ao público algo interessante, sempre visando a democratização e a coletividade”, destaca Rodrigo Toffolo.

Academia Orquestra Ouro Preto

Ciente das dificuldades de músicos e musicistas em seguir a carreira profissional no campo orquestral, a formação inaugurou, em março de 2019, a Academia Orquestra Ouro Preto. O projeto, que já nasceu como referência em Minas Gerais, é formado por instrumentistas entre 18 e 28 anos de idade que têm em comum a paixão pela música, enxergando nela um futuro promissor e a porta de entrada para a transformação de realidades sociais por meio da cultura.

A Academia Orquestra Ouro Preto é a primeira nesses moldes em Minas Gerais e, com as novas vagas abertas em 2020, conta hoje com 28 alunos bolsistas. A ideia é aperfeiçoar e lapidar o talento de jovens violinistas, violistas, violoncelistas e contrabaixistas já iniciados, mas que encontram uma série de obstáculos para dar prosseguimento ao sonho de se tornarem profissionais, sobretudo, devido ao alto custo dos investimentos, o que acaba por afastar um grande número de pessoas com potencial e vivência necessária para inserirem no mercado da música.

Núcleo de Apoio a Bandas

O Núcleo de Apoio a Bandas da Orquestra Ouro Preto trabalha para que a história e a tradição das corporações musicais não fiquem apenas na memória. Em 2020, o projeto chega em sua quarta edição, já tendo capacitado mais de 400 regentes, professores e instrumentistas das tradicionais corporações musicais de Minas Gerais e do Espírito Santo. Este ano, o projeto chega em mais cidades, como Lavras e Paracatu, em Minas e Icapuí, no Ceará. É uma oportunidade desses músicos se aperfeiçoarem e serem replicadores em suas comunidades. Ao longo do ano, eles participam de consultorias, oficinas, palestras, atividades práticas e teóricas, tanto no que tange a prática musical, quanto a produção e capacitação para a inscrição de projetos para fomento e reestruturação das bandas. As atividades são gratuitas, prezando pela troca de experiências e o diálogo com maestros, músicos e lideranças das associações musicais.

O Maestro Rodrigo Toffolo afirma que o projeto exerce um importante papel no propósito da Orquestra de qualificar profissionais. “O Núcleo possui um papel essencial no fomento às corporações musicais. Uma vez que as corporações musicais e as bandas marciais fazem parte de um dos mais relevantes bens culturais do país. Principalmente no que diz respeito a formação de profissionais e de cidadãos por meio da música. Sabemos também que, apesar da importância dessas associações, a manutenção de suas atividades é feita sempre com muita dificuldade, especialmente pela falta de apoio”, explica Toffolo. Por meio do Núcleo de Apoio a Bandas, a Orquestra propõe estabelecer um diálogo com esses fazeres tradicionais, trocar experiências e sugerir caminhos para a sua preservação.

Um pouco sobre a história da Orquestra

Ao longo de duas décadas, a orquestra construiu uma vitoriosa e inspiradora trajetória de empreendedorismo musical e sociocultural. Buscando reviver a histórica vocação musical da cidade de Ouro Preto (Minas Gerais), Rufo Herrera e Ronaldo Toffolo, associados a um grupo de instrumentistas que integravam o grupo Trilos e o Quarteto Ouro Preto, criaram, no ano de 2000, a Orquestra Experimental da UFOP, hoje Orquestra Ouro Preto.

O crescimento da Orquestra é notório ao longo das duas décadas de atividades e os números comprovam. São 12 CDs gravados. No Spotify, são mais de 12 milhões de reproduções, sendo cerca de 110 mil ouvintes mensais. No Instagram são mais de 35 mil seguidores e mais de 46 mil fãs no Facebook. No YouTube, a Orquestra também registra números expressivos. São mais de 30 milhões de reproduções nos vídeos da formação orquestral.

Os trabalhos da Orquestra já lhes renderam condecorações como o Prêmio da Música Brasileira, como melhor álbum de MPB de 2014 por Valencianas – Alceu Valença e Orquestra Ouro Preto (2015); e o Prêmio Profissionais da Música 2017, na categoria Orquestras. O álbum Latinidade (2007) foi indicado ao Grammy Latino e Latinidade: Música para as Américas ao Prêmio da Música Brasileira na categoria Erudito (2017).

Informações de Lícia Ribeiro e foto do Maestro Rodrigo Toffolo com crédito de Íris Zanetti


Blima Bracher

Blima Bracher é jornalista, formada pela UFMG e Engenheira Civil. Trabalhou doze anos em TV como repórter e apresentadora na Globo e Band Minas. Foi Editora da Revista Encontro e Encontro Gastrô. Escritora, cineasta e cronista premiada.

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