Krenak é aclamado como novo membro da Academia Mineira de Letras - Blima Bracher
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Krenak é aclamado como novo membro da Academia Mineira de Letras

Sob calorosos aplausos de uma plateia de pé, Ailton Krenak adentrou o auditório da Academia Mineira de Letras, na noite quente da sexta-feira, dia 3 de março de 2023.  Krenak foi eleito em julho passado para ocupar a cadeira 24 da AML, cuja patronesse é a poetisa e inconfidente Bárbara Heliodora. Dos 39 votos, recebeu 36, sendo eleito para ocupar a vaga aberta pela morte em 2022 do escritor e jornalista Eduardo Almeida Reis.

Em cortejo festivo, conduzido pelos acadêmicos Caio Cesar Boschi, Carlos Bracher, JD Vital e pela presidente da Funai Joênia Wapichana, o filósofo, ensaísta, escritor e pensador era aguardado por ilustre primeira fila de membros da AML e foi recebido à mesa pelo presidente da instituição, Rogério Faria Tavares. Em comemoração à adesão do novo membro, Rogério propôs que a casa pudesse estender sua função de não apenas cuidar da língua portuguesa, mas que “o estatuto incluísse a partir dali as línguas dos povos originários, já que essa posse se faz com 500 anos de atraso”.

Ailton recebeu o diploma pelas mãos do deputado federal Patrus Ananias (PT). O distintivo foi entregue pelo prefeito de Ouro Preto, Angelo Oswaldo (PV), ambos acadêmicos da AML.

Em seguida, Maria Ester Maciel tomou a palavra e afirmou que todos os presentes estavam vivendo um acontecimento inédito e de enorme importância. “É a primeira vez que um indígena ocupa uma cadeira em uma Academia de Letras”, afirmou. “Sobretudo num momento em que vivemos (genocidio)”.

Com toda sua família presente, inclusive a mãe, dona Laurita Krenak, o novo membro da AML leu o texto “Diplomacia indígena – uma escrita possível?”.

Krenak disse que a oralidade é sua forma de exercer literatura. Em meio à comemoração, entretanto, Krenak lembrou que naquele exato momento, povos originários sofriam  assédios e revelou que, desde o início da cerimônia, a presidente da Funai,  havia saído do auditório três vezes, porque uma tribo do Mato Grosso do Sul estava sendo atacada por garimpeiros.

Para encerrar o evento, um grupo de  13 culinaristas ofereceu  degustação de pratos inspirados nos sabores e costumes indígenas.Texto e fotos #Blima Bracher http://@blimabracher

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Portal UAI.

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Isabel Cristina

Muito feliz. O Ailton me surpreende e me representa desde a posse dele como deputado, foi incrível a ação discursiva dele, emocionante! Espero que mais que ter um indígena na AML com respeito, é ter respeito pelos vários povos originários que são parte da nossa história, cultura, língua, comportamento e muito mais. Abraço Ailton!