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Os 300 anos de Nossa Senhora Aparecida na concepção de artistas brasileiros

A imagem de Aparecida é um ícone onipresente na vida brasileira. Declarada rainha e padroeira do Brasil, a pequena imagem de Nossa Senhora da Conceição apareceu no rio Paraíba do Sul, há exatos 300 anos, achada por três pescadores. Por toda parte o tricentenário é festejado. A presença desse símbolo suplanta o espaço religioso e frequenta os recônditos da cultura popular. Para celebrar essa forte existência, o Centro de Arte Popular – Cemig, integrante do Circuito Liberdade, inaugura a exposição Aparecida – 300 Anos. A mostra será inaugurada por Dom Geovane Luiz da Silva, representando Dom Walmor Oliveira de Azevedo, Arcebispo Metropolitano de Belo Horizonte, acompanhado do secretário de Estado de Cultura, Angelo Oswaldo. A abertura acontece no dia 10 de outubro. A entrada é franca.

Com curadoria de Tadeu Bandeira, diretor do Centro de Arte Popular, a exposição apresenta o acervo de 200 artistas plásticos de diversas regiões do país.

Entre os destaques, uma rara pintura do falecido artista português Antônio Poteiro, que passou parte de sua vida no estado de Goiás. De Ouro Preto, peças de Fani Bracher (foto abaixo)  e bordado de Maria de Lourdes Rosa. A cerâmica do Vale do Jequitinhonha é representada pelas artistas Mundinha, Maria Negreiro e Eva, além do grande ceramista Leandro Júnior. Do Maranhão chegam um Bumba-Boi da família Douglas Lopes, um jarro em cerâmica vitrificada do artista José Carlos Martins, e ainda um painel bordado das irmãs Lady Dayana Bandeira e Vanderluce Bandeira.

“Mãe Rainha Sustentável” é o nome escultura do artista Cristiano Raimundo, de Uberlândia, desenvolvida especialmente para a mostra. A peça é feita em filigrana obtida a partir embalagem de aerossol. O artista ganhou notoriedade nacional quando recebeu encomenda da Rede Globo para produzir uma imagem de uma santa feita de embalagens de latas e desodorantes. Willi de Carvalho, de Montes claros, também desenvolveu uma peça especialmente para a exposição. Obras das artistas Patrícia Maranhão, Ana Vladia e do atelier paranaense Patrícia Virmond também se destacam na variedade do acervo exposto.

Somado a essa representação artística, há ainda um enorme conjunto de objetos de devoção, santos de gesso, oratórios, escapulários, terços, chaveiros, bottons, pratos, castiçais, caixinhas, vidros de água benta, enfim, infindáveis suvenires alusivos à santa padroeira do Brasil, difusores dessa iconografia comercializados pelo país em larga escala.

Para o secretário Ângelo Oswaldo, “o ícone da padroeira é onipresente na vida dos brasileiros. A pequena imagem, cuja capa lhe dá a forma triangular, configura incontáveis objetos e surge nos mais inusitados suportes. Com atenta sensibilidade, o curador Tadeu Bandeira conseguiu sintetizar a diversidade iconográfica da Aparecida, ao reunir um conjunto que revela tanto a fé quanto a força da criatividade popular”.

Tadeu Bandeira ressalta o caráter de permanência exercido pela imagem. ”Chegado o doze de outubro, dia dedicado oficialmente à virgem mãe do Brasil, natural que o Governo de Minas Gerais homenageie aquela que, ao longo de trezentos anos, vem representando para os brasileiros um dos símbolos nacionais e um fator de integração racial, ainda que permaneçam em nosso país resquícios de preconceitos”.

Os pagamentos de promessas e agradecimentos às graças alcançadas ocorrem através de ex-votos, santinhos de gesso, bilhetes e objetos diversos depositados nas chamadas salas de milagres do Santuário de Aparecida do Norte. Ainda que desprovidos de preocupação estética, tais objetos trazem em sua essência uma ingenuidade e criatividade próprias, além de ilimitada beleza.

Diante de todas essas peças artísticas e devocionais, o espectador é convidado a refletir sobre a santinha negra que ao longo de três séculos constitui símbolo de fé e esperança para o brasileiro.

 

Exposição: APARECIDA 300 ANOS

Abertura para convidados: 10 de outubro, às 19 horas

Período de visitação: 11 de outubro de 2017 a 7 de janeiro de 2018

Local: Centro de Arte Popular – Cemig

Endereço: Rua Gonçalves Dias, 1608 – Lourdes

Horário: 3ª, 4ª e 6ª – de 10 às 19h | 5ª – de 12h às 21h | Sábados e domingos – de 12h às 19h

 

 

Foto de capa:  Israel Crispim

 

 

Blima Bracher

Blima Bracher é jornalista, formada pela UFMG e Engenheira Civil. Trabalhou doze anos em TV como repórter e apresentadora na Globo e Band Minas. Foi Editora da Revista Encontro e Encontro Gastrô. Escritora, cineasta e cronista premiada.

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