Em lembrança dos 30 anos de morte de Drummond, o livro “Descendo a rua da Bahia, a correspondência entre Pedro Nava e Carlos Drummond de Andrade”, da editora Bazar do tempo, será lançado em Belo Horizonte, no dia 17 de agosto, no Museu Inimá de Paula; obra contém fotos e escritos inéditos, além de correspondência completa entre os dois amigos
O encontro do singular memorialista e do poeta de “Sentimento do mundo”. Descendo a Rua da Bahia – a correspondência entre Pedro Nava e Carlos Drummond de Andrade acompanha a relação dos dois mineiros que se tornaram vozes centrais da literatura brasileira ao longo de mais de 50 anos. Pedro Nava (Juiz de Fora, 1903), médico de formação e escritor, nos legou obras como Baú de ossos, Beira-mar e poemas antológicos como “O defunto” e “Mestre Aurélio entre as rosas”. Carlos Drummond de Andrade (1902), natural de Itabira, inaugurou o chamado segundo modernismo com poemas tão marcantes quanto “No meio do caminho” e “Poema de sete faces”, publicados em Alguma poesia (1930), seu livro de estreia. O lançamento da publicação acontece no dia 17 de agosto, no Museu Inimá de Paula (Rua da Bahia, 1201, Centro, Belo Horizonte). O evento tem o apoio da Secretaria de Estado de Cultura. A entrada é gratuita.
Organizada por Eliane Vasconcellos (FCRB – AMLB) e Matildes Demetrio dos Santos (UFF), a edição apresenta, além de um conjunto de 63 cartas, cartões e pequenos bilhetes, acrescidos de poemas e crônicas, uma rica iconografia com cerca de 80 fotos, grande parte delas inédita e pertencente ao acervo pessoal dos dois escritores, depositados no Arquivo-Museu de Literatura Brasileira da Fundação Casa de Rui Barbosa, no Rio de Janeiro. Além do acervo de Nava e Drummond, Eliane e Matildes tiveram acesso ao arquivo de Plínio Doyle, o amigo que criou o Sabadoyle – reuniões que aconteciam sábado à tarde no apartamento de Doyle em Ipanema.
O lançamento, em Belo Horizonte, no Museu Inimá de Paula, marca ainda os 30 de morte de Drummond, falecido em 17 de agosto de 1987 no Rio de Janeiro.
O título do livro presta homenagem à famosa rua belo-horizontina, rua da Bahia, onde os jovens escritores da geração modernista se reuniam
Na rua onde hoje conversam as estátuas de Carlos Drummond de Andrade e a de Pedro Nava (esquina da Rua da Bahia com a rua Goiás), onde existiu, nos tempos áureos do modernismo, o Bar do Ponto — onde hoje está o Othon Palace Hotel —, um reduto da intelectualidade de Minas Gerais que conquistaria a cena cultural e literária brasileira.
“Belo Horizonte, fevereiro de 1922. Bar do Ponto. Por anos a fio, foi lugar de encontros e conversações. Lá, Carlos Drummond de Andrade e Pedro da Silva Nava, legítimos aspirantes ao futuro, espantavam a monotonia de uma vida por fazer. Só os dois? Não. Nas mesas do Ponto, encontravam-se Joaquim Coutinho Cavalcanti; Mílton Campos; Abgar Renault; Teixeirão; Emílio Moura; Martins de Almeida; Gustavo Capanema; Mário Casasanta; João Alphonsus de Guimaraens, amizades de uma vida inteira. Tinham o hábito de se reunirem na Livraria Alves e no Café e Confeitaria Estrela”.
Essa e outras histórias são contadas também através das minuciosas notas contidas no livro “Descendo a rua da Bahia, a correspondência entre Pedro Nava e Carlos Drummond de Andrade”. No evento de lançamento haverá a presença das organizadoras, além de momentos de leitura de cartas e crônicas do livro, com participação do ator Leonardo Fernandes, da poeta Mônica de Aquino e do grupo Palavra Viva. “Vamos lançar o livro primeiro em Belo Horizonte pela ligação dos dois com a cidade, afinal se conheceram na capital mineira e lá deram os primeiros passos na literatura, sendo os responsáveis pelo movimento modernista em Minas Gerais”, esclarece Eliane Vasconcellos.
Nas cartas publicadas são trocadas informações sobre as questões políticas da época, pedidos de indicações de trabalhos, formas diferentes para parabenizar um aniversário ou uma conquista. Nelas é retratada a amizade cada vez mais forte entre os dois, inclusive quando se mudaram para o Rio de Janeiro, local em que Nava sempre quis morar. Muitas vezes o médico e escritor de Juiz de Fora, Pedro da Silva Nava, se referia a Belo Horizonte como “Triste Horizonte”. Na correspondência também constam dados importantes que contextualizam a época, como onde moravam, com quem se relacionavam e onde trabalhavam.
Eliane teve a oportunidade e o prazer de conhecer Drummond e Nava, além de ter tido contato com o arquivo pessoal de ambos. Ela ressalta o ineditismo da publicação. “O livro é uma homenagem inédita aos dois, as cartas nunca haviam sido publicadas. E resolvemos reunir também os bilhetes e a parte iconográfica, foi um longo trabalho”.
O posfácio é do jornalista e escritor Humberto Werneck (autor de O desatino da rapaziada, 1992, entre tantos outros livros) e a editora responsável pela publicação é a Bazar do Tempo.
PROGRAMAÇÃO:
19h – Roda de conversa
Com Eliane Vasconcellos e Matildes Demetrio dos Santos (organizadoras do livro), Humberto Werneck (jornalista e autor do posfácio) e Angelo Oswaldo (Secretário de Cultura do Estado de Minas Gerais). Mediação de Maria de Andrade (editora Bazar do Tempo).
19h30 – Sarau com leitura de cartas, poemas e crônicas.
Com o ator Leonardo Fernandes, a poeta Mônica de Aquino e grupo Palavra Viva.
20h – Autógrafos
Mesa de autógrafos com Eliane Vasconcellos, Matildes Demetrio dos Santos e Humberto Werneck.
Joaquim Nava, o sobrinho neto do Pedro Nava, e atual curador da obra também estará presente no evento.
AS ORGANIZADORAS:
Eliane Vasconcellos é pesquisadora titular do Arquivo Museu de Literatura Brasileira da Fundação Casa de Rui Barbosa (AMLB-FCRB), órgão que dirigiu entre 1993 e 2010. É mestre pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio) e doutora pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), em Letras. Foi professora titular do Centro de Ensino Superior de Juiz de Fora e lecionou nas universidades francesas Sorbonne Nouvelle, Nanterre e Charles de Gaulle, Lille III. Especialista em acervos literários, organizou e publicou os inventários dos arquivos de Pedro Nava, Clarice Lispector, Vinícius de Moraes, entre outros. É autora de diversos artigos acadêmicos e livros como: A mulher na língua do povo (1981), Entre a agulha e a caneta: um estudo das personagens de Lima Barreto (1999), e Drummon(d) tezuma: correspondência trocada entre Carlos Drummond de Andrade e Joaquim Montezuma de Carvalho (2004), co-organizado por Maria Aparecida Ribeiro.
Matildes Demetrio dos Santos é professora titular de Literatura Brasileira da Universidade Federal Fluminense (UFF). Mestre pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio) e doutora pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), em Letras. Possui pós-doutorado pela Sorbonne Nouvelle – Paris III. Publicou diversos artigos acadêmicos e, entre outros títulos, A casa de vidro: uma ficção da realidade brasileira (1995), Ao sol carta é farol. A correspondência de Mário de Andrade e outros missivistas (1998), e Pensar Memórias do Cárcere (2015).
Bazar do Tempo é uma casa editorial dedicada a livros e projetos ligados às áreas de fotografia, arquitetura, música, poesia, história, ensaio, literatura infantojuvenil e memória cultural. Criada em 2015 e dirigida por Ana Cecilia Impellizieri Martins, ex-sócia e diretora editorial da Casa da Palavra e Edições de Janeiro, a editora converge em suas parcerias profissionais e empresas que compartilham o desejo de produzir livros e projetos de relevância cultural e social. Com isso, a Bazar do Tempo afirma seu objetivo de valorizar o patrimônio artístico e a memória cultural do Brasil. Além de livros impressos, a Bazar do Tempo também está dedicada a projetos especiais de fôlego, incluindo sites, livros em plataforma digitais, exposições, projetos de incentivo à leitura e produções audiovisuais. Entre os livros publicados estão “Retratos do tempo, 50 anos de fotojornalismo”, de Evandro Teixeira; “Milan Alram”, de Joaquim Marçal; “Nos tempos da Guanabara”, de Paulo Knauss, Ana Maria Mauada e Marly Motta; “A flauta e a lua – Poemas de Rûmî”, organizado por Marco Lucchesi; “Guia da Arquitetura do Rio de Janeiro”; “Lentes da memória – a descoberta da fotografia de Alberto de Sampaio”, de Adriana Martins Pereira; “Carlos Leão, Arquitetura”, organizado por Jorge Czajkowski; “Vi vendo”, de Pedro de Moraes, e “Pra que é que serve uma canção como essa?“, de Adriana Calcanhotto. Com dedicação, buscando excelência no conteúdo e apuro gráfico, a Bazar do Tempo espera que seus projetos possam atravessar os tempos, como valioso legado cultural.
LANÇAMENTO LIVRO “DESCENDO A RUA DA BAHIA”
Quinta-feira, 17 de agosto, às 19h
Local: Museu Inimá de Paula
Rua da Bahia, 1201, Centro, Belo Horizonte, telefone (31) 3213-4320
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