Fani e Carlos Bracher em tour virtual - Blima Bracher
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Fani e Carlos Bracher em tour virtual

Carlos Bracher ganha tour virtual no Atelie Casa Bracher em seus 80 snos. O espaço, que poderá ser visto virtualmente, tem mais de 150 obras do casal Carlos e Fani Bracher

ATELIÊ CASA BRACHER”
Carlos Bracher comemora seus 80 anos com inauguração de ateliê virtual
Pela primeira vez, mais de 150 obras da coleção pessoal dos artistas Carlos e Fani Bracher estarão disponíveis online em site, tour virtual e redes sociais
Amantes na vida e na arte. Assim, Carlos e Fani Bracher definem o encontro dos dois artistas que, após 52 anos de casamento, mostram ao mundo um pedaço precioso dessa união, que tem como ponto comum a pintura. Para comemorar os 80 anos de vida do pintor mineiro, o acervo do Ateliê Casa Bracher, anexo ao casarão onde os artistas residem há cinco décadas, em Ouro Preto, Minas Gerais, estará disponível, pela primeira vez na internet, e um site trilíngue – português, inglês e espanhol (www.ateliecasabracher.com). O lançamento do projeto digital Ateliê Casa Bracher será em 19 de dezembro, dia do aniversário de Carlos Bracher. Uma série de eventos com a participação dos artistas e de convidados acontecerá no site ao longo de 2021.
“O site representa uma síntese de mim e da Fani. Duas unidades, duas pessoas diferentes que se encontraram na pintura”, explica Carlos Bracher. Para ele, o projeto vem em um momento oportuno, não só pela comemoração dos seus 80 anos, mas por conta da pandemia que trouxe essa nova forma de comunicação e diálogo entre as pessoas. “É extraordinário, em nossas vidas, um projeto como esse. O mundo hoje é virtual. O importante é as coisas se espalharem pelo mundo. Quanto mais alcance a arte puder ter, melhor. Ainda mais neste momento”, completa.

Através de tour virtual no Ateliê Casa Bracher, o público terá uma visualização em 360° dos ambientes do sobrado colonial construído há mais de 200 anos, localizado no centro histórico de Ouro Preto (Cidade Patrimônio Cultural da Humanidade) e poderá apreciar, em detalhes, mais de 150 obras do casal, que traçam a trajetória de cada um desde o início da carreira. Ao clicar nas obras, será possível acessar conteúdos variados – fotos, vídeos e textos informativos. Haverá também uma galeria virtual para compra de obras.
No térreo da casa, estão obras de Carlos Bracher, artista brasileiro que mais fez mostras individuais fora do país. Foram selecionadas 38 telas representativas de todas as suas fases: paisagens; retratos (os de Pino Solanas, Affonso Romano de Sant’anna e Leonardo Boff são alguns deles); autorretratos (que vão desde o início da carreira até os mais recentes, feitos durante o confinamento); além de pinturas com motivos marinhos e flores.
O acervo conta ainda com obras representativas de suas renomadas séries temáticas: “Homenagem a Van Gogh” (1990), feita no centenário da morte do pintor holandês com exposições nas Américas, Europa e Ásia; “Do Ouro ao Aço” (1992), sobre a siderurgia em Minas Gerais; “Brasília” (2006/2007), homenagem a Juscelino Kubistchek e Niemeyer; “Petrobras” (2012), uma ótica artística sobre o universo industrial do petróleo; e “Tributo a Aleijadinho” (2014), releitura contemporânea sobre a obra do grande mestre do Barroco em homenagem aos 200 anos de sua morte.
No segundo andar e no subsolo, localizam-se as obras de Fani Bracher das quais 85 delas serão exibidas no tour virtual. São óleos, objetos, mobiliário, panos, bordados, colchas, desenhos, figurinos de teatro, além de suas fases temáticas: “Paisagens”, “Mineração”, “Flores”, “Ossos”, “Pedras” e “Setas”. Também estão os pigmentos in natura usados na série “De Pigmentos e Pedras”, criada durante a pandemia. “Nunca trabalhei tanto quanto neste período. Fiz quadros e objetos com elementos orgânicos. Ao mesmo tempo, comecei a bordar. Fiquei com a minha cabeça ocupada o tempo todo. Foi um período muito interessante e produtivo”, reflete Fani Bracher.
Na reserva técnica, estão localizadas mais de 450 obras de Carlos Bracher. O acervo é coordenado pela jornalista e documentarista Blima Bracher, filha do casal, que há uma década se dedica à organização, catalogação e preservação da obra dos artistas. Nesse sentido, o lançamento do site representa não só um canal para a difusão artística como também ferramenta para a continuidade da documentação digital deste valioso arquivo que, pela primeira vez, passa a ser disponibilizado na internet. “Queremos fazer algo bonito, de qualidade para as pessoas. Temos muito material pra dividir com o público e estou extremamente agradecido por poder realizar esse projeto. Gostaria de fazer duas vezes 80 anos! É maravilhoso. É igual a ter 20! É um dia depois do outro. Tudo é beleza, alegria e profundidade”, comemora Bracher.
Ao longo de 2021, o site terá uma programação com atividades artísticas e bate-papos ao vivo, sempre uma vez por mês (as datas serão divulgadas posteriormente). Entre os eventos com Carlos Bracher, estão previstos a pintura de um retrato ao vivo de uma artista, palestras sobre arte e pintura, exibição dos filmes “Âncoras aos Céus” e “Ouro Preto Olhar Poético” (ambos de Blima Bracher), seguidos de conversa com o pintor. Fani Bracher falará sobre seu processo criativo e como foram feitas as pinturas dos grandes painéis em afresco, com 2km de extensão, em Piau, na Zona da Mata mineira.
Em fevereiro, o casal completa 50 anos em Ouro Preto, cidade que até hoje os inspira em suas obras e união. “A nossa vida é muito bonita, vasta. Temos muitas histórias juntos. Convivemos o dia inteiro, trabalhamos em casa, é uma rotina diária dedicada a arte. Por isso, esse projeto é um grande presente, sobretudo para o Carlos, porque ele merece”, diz Fani. Eles têm duas filhas, Blima (jornalista) e Larissa (atriz); e um neto, Valentim.
SOBRE CARLOS E FANI BRACHER
Mineiro de Juiz de Fora e descendente de suíços, Carlos Bracher nasce em 1940, fruto de uma família de artistas. Autodidata, fez sua primeira exposição na cidade natal em 1960, com seus irmãos Nívea e Décio, também pintores. Em 1964, em temporada de viagens para estudos artísticos com Nívea, Carlos descobre Ouro Preto, cidade que elege para viver e retratar. Com apenas 27 anos, ganha o disputado “Prêmio de Viagem ao Exterior” – concedido pelo Salão Nacional de Belas Artes do Rio de Janeiro e considerado láurea máxima a um pintor brasileiro. Casa-se com Fani Bracher e partem juntos para dois anos de residência na Europa. Em viagens de estudos artísticos vão a Lisboa, São Petersburgo e Moscou.
Em 1980, Bracher foi um dos escolhidos para o importante “Prêmio Hilton de Pintura” como um dos artistas que mais se destacaram na década de 70 (ao lado de João Câmara, Siron Franco, Tomie Ohtake e outros). Intitulada “Pintura Sempre” e com curadoria de Olívio Tavares de Araújo, sua primeira retrospectiva ocorreu em 1989, ocupando em temporadas, significativos espaços de cultura em sete capitais do país. Realizou grandes séries de pinturas: “Do Ouro ao Aço”, “Brasília”, “Petrobras” e “Tributo a Aleijadinho”.
Entre 2014, a mostra “Bracher – Pintura & Permanência” percorreu as quatro unidades do CCBB (Rio, São Paulo, Brasília e BH). No CCBB de Belo Horizonte, a mostra bateu recorde de público de um artista nacional, recebendo ao todo quase 600 mil visitantes. A exposição foi contemplada com Destaque Especial no Prêmio Associação Brasileira de Críticos de Arte (ABCA) – 2015. Sobre seu trabalho já foram publicados sete livros e realizados dezenas de filmes e documentários. Bracher é um dos artistas brasileiros mais citados em publicações de pintura no país.
Fani Bracher nasceu na Fazenda Experimental em Coronel Pacheco, Minas Gerais. Graduada em jornalismo pela UFJF. Em 1968 casa-se com o artista Carlos Bracher e juntos viajam para a Europa, onde residem por dois anos. Em Portugal, fez cursos de história da arte com os críticos José Augusto França e Mário Gonçalves. Frequentou o atelier do pintor Almada Negreiros. Na cidade do Porto, conheceu a obra de Amadeu de Souza Cardoso. Depois de Portugal, partiu em viagem de estudos pelos Museus da Dinamarca, Suécia, Finlândia, Rússia, Alemanha, Holanda, Bélgica e Inglaterra.
Fixou residência em Paris de agosto de 1969 a dezembro de 1970. Ainda na capital francesa, participou ativamente do “Centro de Artes para estudantes e artistas americanos”. De volta ao Brasil, estabeleceu-se em Ouro Preto, onde começa a pintar em 1973. A partir desta data, participou de várias exposições em museus, centros culturais e galerias de arte no Brasil e no Japão. Realizou 30 exposições individuais em cidades brasileiras e também no Uruguai, Argentina, Peru, Colômbia, Guiana Francesa, Jamaica e França. Sobre sua obra escreveram vários críticos, como Celma Alvim, Rubem Braga, Wilson Coutinho, Roberto Pontual, George Racs, Ferreira Gullar, Flávio de Aquino, Walmir Ayala, Walter Sebastião, Marcelo Castilho Avellar, Frederico Moraes e Ângelo Oswaldo de Araújo Santos.
Ganhou 14 prêmios de pintura e tem seus trabalhos incluídos em 34 livros de arte. O livro “Fani Bracher”, de Frederico e Ronald Polito (editora Salamandra Consultoria e Editora SA) obteve o Prêmio Jabuti, da Câmara Brasileira do Livro (CBL) e o V Prêmio Fernando Pini de Excelência Gráfica, como “Melhor Livro de Arte”. Tem ainda publicado o livro “Fani Bracher”, (C/Arte Editora), de autoria de José Alberto Pinho Neves.

Ateliê Casa Bracher www.ateliecasabracher.com http://@ateliecasabracher. Texto de Paula Catunda e Fernanda Lacombe

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Portal UAI.

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