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Celidônio Mazzei, pioneiro da fotografia na Zona da Mata, ganha mostra em seu centenário

A fotografia ainda engatinhava no Brasil quando Celidonio Mazzei saiu da cidade de Ubá para aprender o ofício no Rio de Janeiro. De volta a Minas Gerais, o jovem fotógrafo montou seu próprio estúdio e atuou com destaque em toda a Zona da Mata. Acompanhou repórteres por várias partes do mundo e ficou conhecido por retratos emblemáticos de alguns ex-presidentes, além do compositor Ary Barroso e do ator Mauro Mendonça. Um resumo dessa trajetória diversa será exposto durante a mostra “Celidonio Mazei – 100 anos de arte fotográfica”, que reúne 46 fotografias impressas, mais 200 expostas em um telão e ainda uma exibição de 23 minutos de filmagens feitas pelo artista. A exposição tem entrada gratuita e acontece no Fórum Cultural de Ubá, com apoio da Secretaria de Estado de Cultura.

Quem foi Celidonio Mazzei

Celidonio Mazzei nasceu em 8 de dezembro de 1888 na pequena Luccciano, na região da Toscana, na Itália. Seu pai, Angiolo Mazzei, ouviu o convite de um amigo que já emigrara e se estabelecera em Minas Gerais, acenando com terras e trabalho, em vista da crise que assolava toda a Europa no final do século 19. Aos 36 anos de idade, desembarcou no Rio de Janeiro com a então esposa Adele e três filhos pequenos. Em terras tupiniquins o casal ainda teria mais três filhos.

Em setembro de 1897 o futuro fotógrafo desembarcou em Juiz de Fora, de onde seguiu para a fazenda Sant’Ana da Serra, no atual município de Guidoval, para trabalhar como colono. Já em 1910 foi para Visconde do Rio Branco, onde trabalhou como pedreiro, mas já estudando música e pintura naquela época. Não demorou para que fosse incluído na banda da cidade, tocando bombardino. Entretanto, foram as artes visuais que o cativaram.

Embora a fotografia tenha chegado ao Brasil trazida pelo imperador Pedro II, a prática ainda não era difundida entre a população. Naquele tempo as fotografias eram feitas por fotógrafos vindos do Rio de Janeiro. No ano de 1913 Celidonio se mudou para a cidade carioca afim de seguir os passos da nascente atividade. Dali em diante, fez um curso na Casa Berthe, que formava profissionais na arte visual. Por quinhentos mil réis, adquiriu um manual teórico de fotografia, uma câmera fotográfica, acessórios e partiu para realização do seu sonho.

Voltando a Minas Gerais, instalando-se na cidade de Visconde de Rio Branco, o artista montou seu primeiro atelier. Em 1918 passou a atuar profissionalmente em toda a Zona da Mata. Nas décadas de 1910 e 1920, eram raros os fotógrafos no Brasil, fato que levou Celidonio a acompanhar jornalistas e repórteres por regiões de várias partes do mundo. O artista ficou conhecido por fotos emblemáticas de figuras importantes, como os ex-presidentes Eurico Gaspar Dutra e Humberto Castello Branco, além do compositor Ary Barroso e do ator Mauro Mendonça. O fotógrafo ainda conseguiu fazer o registro do primeiro voo do dirigível Zepelim, em 1930.

Em 1925 expôs seus trabalhos na cidade de Ubá. Sua mostra obteve tanta repercussão que acabou optando por mudar-se para a cidade e participar ativamente da vida cultural de toda a região.

Celidonio ainda foi pioneiro nos avanços tecnológicos no âmbito da fotografia na cidade mineira de Ubá. Foi o artista que trouxe para o estado as primeiras câmeras com iluminação artificial, além de ter feito uma das primeiras revelações fotográficas a cores no Brasil. Em 1968 recebeu o título de cidadão honorário de Ubá onde é o atual Patrono da cadeira nº 38 da Academia Ubaense de Letras. O fotógrafo exerceu sua profissão ininterruptamente por setenta anos. Faleceu na cidade de Ubá em 20 de maio de 1980.

CELIDONIO MAZZEI – 100 ANOS DE ARTE FOTOGRÁFICA

Local: Fórum Cultural, Praça São Januário – Ubá –MG.

Data: 12/12/2018 a 30/12/2018

Horário: 14h às 21h

Informações: (32) 3539-6133

Entrada: Gratuita

Na foto o estúdio Mazzei, nos anos 40

Blima Bracher

Blima Bracher é jornalista, formada pela UFMG e Engenheira Civil. Trabalhou doze anos em TV como repórter e apresentadora na Globo e Band Minas. Foi Editora da Revista Encontro e Encontro Gastrô. Escritora, cineasta e cronista premiada.

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