Carnaval

Balanco da Cobra arrasta multidão pelas ladeiras de Ouro Preto

O tradicional bloco Balanço da Cobra, que sai há 45 Carnavais pelas ladeiras históricas de Ouro Preto, traz sempre cartazes irreverentes e críticas bem humoradas sobre o cenário mundial. Fundado pela botânica Cida Zurlo, o bloco atrai uma multidão de foliões, com fantasias coloridas e público diversificado.

Todo ano, um artista á convidado para assinar a camiseta da Cobra. Já criaram logomarcas do grupo, artistas como jorge dos Anjos, Gélcio Fortes, Ronaldo Fraga, Amilcar de Castro, Nemer, Jorge dos Anjos, Gustavo Penna, Fani bracher, dentro outros mestres da arte brasileira.

Este ano, coube ao artista Carlos Bracher criar a logo 2020 da Cobra. Bracher convidou Tiradentes para a folia de Momo. Leiam o texto do artista, a seguir

Tiradentes e o Carnaval

Na medida que carnaval é festa e alegria, no presente trabalho sobre “O Balanço da Cobra” coloco uma cobra propondo ao herói Tiradentes que ele entre na folia. Ela sobe o pedestal e defronte ao Mártir, sorrindo, lhe faz o surreal convite. E num enigmático diálogo de corações, ele aceita a proposta sedutora. Tiradentes, apesar de toda austeridade histórica, e diante do surpreendente ato de cumplicidade, destitui-se de seu vulto heroico e se integra à grande festa popular.

Quanto à sua célebre frase “Se dez vidas eu tivesse, dez vidas eu daria”, aqui ela transforma-se em divertida paródia: “Se dez vidas eu tivesse, dez carnavais eu brincaria…”. Utilizei curvas e contracurvas, na cobra e nas letras, criando um sentido de movimento, do percurso do Bloco serpenteando-se pelas ruas, pontes e becos da cidade. E onde a própria grafia da frase/título revela o caminhamento da cobra, em zigue-zague, suspensa pelos ares.

No desenho tentei expressar, de um lado, o triste capítulo da condenação de nosso grande herói e, do outro, o festivo e famoso Carnaval de Ouro Preto e os 45 anos de alegria do Balanço da Cobra.

Carlos Bracher

Foto de Eduardo Trópia

Janeiro de 2020

Blima Bracher

Blima Bracher é jornalista, formada pela UFMG e Engenheira Civil. Trabalhou doze anos em TV como repórter e apresentadora na Globo e Band Minas. Foi Editora da Revista Encontro e Encontro Gastrô. Escritora, cineasta e cronista premiada.

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