Nos dias 10 e 11 de outubro, às 20h, o público de Ouro Preto poderá assistir ao drama Tom na Fazenda, com texto de Michel Marc Bouchard, tradução e atuação de Armando Babaioff e direção de Rodrigo Portella. Com duração de 120 minutos e classificação indicativa de 18 anos, a peça será apresentada em duas únicas sessões na histórica Casa da Ópera, o mais antigo teatro em funcionamento das Américas.
Uma das peças mais aplaudidas e premiadas desde sua estreia em 2017, Tom na Fazenda se tornou um fenômeno do teatro contemporâneo, com mais de 500 apresentações, público superior a 160 mil pessoas e oito anos ininterruptos em cartaz. O espetáculo conquistou também relevância internacional, sendo exibido em países como Canadá, França, Reino Unido, Suíça e Bélgica, e marcando presença em festivais internacionais de prestígio, como o Festival d’Avignon, um dos mais antigos e prestigiados festivais de teatro do mundo.
Em agosto de 2025, o espetáculo retornou de uma exitosa temporada no Festival de Edimburgo, na Escócia, com 23 apresentações assistidas por mais de 7 mil espectadores. O jornal The Guardian destacou a montagem como “um impressionante estudo sobre a homofobia”, classificando-a como “tão cruel quanto hipnotizante”. Após essa temporada internacional, o espetáculo volta ao Brasil para uma nova turnê de reencontros com o público.
ENREDO
Na trama, o publicitário Tom (Armando Babaioff) vai à fazenda da família para o funeral de seu companheiro. Ao chegar à casa, descobre que a sogra Agatha (Denise Del Vecchio) nunca tinha ouvido falar de sua existência e tampouco que o próprio filho era gay. Para piorar, descobre que ela está à espera de Helen, a suposta “namorada” do filho morto, que na verdade é Sara (Camila Nhary), numa farsa criada para convencer Agatha da heterossexualidade do filho. Nesse ambiente rural e austero, Tom é envolvido numa trama de mentiras criada por Francis (Iano Salomão), o truculento irmão do falecido, estabelecendo com aquela família relações de complexa interdependência. A fazenda, aos poucos, vira cenário de um jogo perigoso, onde, quanto mais os personagens se aproximam, maior o choque de suas contradições.
CENOGRAFIA OUSADA
Para a encenação, o diretor Rodrigo Portella optou por um palco coberto de lona, lama e água, criando instabilidade constante nos atores. O recurso reflete a fragilidade das relações encenadas e intensifica o mergulho físico e emocional da peça. Para ele, a força de Bouchard está em trazer os dilemas para dentro da família: “Todo redemoinho que devastará a vida dos que fogem das normas surge no núcleo de suas próprias famílias”, comenta o diretor. Segundo Portella, “Bouchard compôs uma obra de estrutura impecável, que vai fundo nas contradições dos seus personagens, o que os torna muito próximos de nós e traz o problema para dentro das casas, para o núcleo familiar mais íntimo, que todos nós conhecemos”.
TRAJETÓRIA E RECONHECIMENTO
A peça estreou em março de 2017, no Teatro Oi Futuro, no Rio de Janeiro. Em junho de 2018, foi apresentada no Festival TransAmériques (FTA), em Montreal, Canadá, um dos mais importantes da América do Norte. Única representante brasileira, a montagem foi indicada pelo próprio autor da obra, Michel Marc Bouchard, que mora em Montreal, mas a assistiu em sua estreia no Rio. Ainda em 2018, participou do Festival de Curitiba (abril) e do Festival Palco Giratório do SESC, em Porto Alegre (maio).
Tom na Fazenda conquistou o Prix de la Critique 2018, da Association Québécoise des Critiques de Théâtre (AQTC), como Melhor Espetáculo Estrangeiro. Chegou pela primeira vez à Europa em 2022, no Festival de Avignon, na França, com grande êxito de público e crítica. O desdobramento desse sucesso rendeu diversos convites, entre eles uma temporada no prestigiado Théâtre Paris-Villette, durante o mês de março de 2023, onde bateu o recorde histórico de público e bilheteria, tornando-se o primeiro espetáculo latino-americano a ocupar aquele palco, com críticas elogiosas de veículos como Le Monde e Libération. Ainda em 2023, iniciou uma turnê por mais de 27 salas de teatro na Europa, entre França, Suíça e Bélgica. Recentemente, participou do Festival de Edimburgo, na Escócia, Reino Unido. Em 2024, integrou o Festival Mythos, em Rennes, Bretagne.
No Brasil, a montagem também foi amplamente reconhecida, recebendo prêmios em categorias como Melhor Espetáculo, Direção, Ator, Cenografia e Iluminação. Entre os destaques: o Prêmio Aplauso Brasil 2019, com cinco indicações; o 30º Prêmio Shell de Teatro, com cinco indicações e vitórias em Direção e Ator; o 5º Prêmio Cesgranrio de Teatro, com sete indicações e vitórias em Direção, Ator e Cenografia; o 6º Prêmio Botequim Cultural, com dez indicações e vitórias em sete categorias, incluindo Melhor Espetáculo; o 12º Prêmio APTR, com seis indicações e vitória em Melhor Espetáculo; o 7º Prêmio Questão de Crítica, em que venceu como Melhor Espetáculo; e o Prêmio Cenym de Teatro Nacional, com 17 indicações e oito vitórias, entre elas Espetáculo, Direção e Ator.
A preça também esteve presente nos principais festivais brasileiros, como FIT Rio Preto (2019), Festival de Curitiba (2018), Festival de Inverno de Garanhuns (2018) e Festival Internacional de Teatro de Londrina (2017).
“Michel Marc Bouchard soube fazer uma peça universal que ultrapassa épocas e fronteiras e tem ecos de um extremo ao outro do planeta. Sua tragédia é falada em diversas línguas. Em ‘Tom na Fazenda’, a tessitura das palavras é feita sob medida para a encarnação dos atores. Mas no Théâtre Paris-Villette a interpretação exacerbava o texto. Tanto que a apropriação brasileira tem ares de reescrita. No entanto, este não é o caso. Michel Marc Bouchard é o autor. Esperamos que ele também encontre na França diretores desta envergadura que confirmem o clamor da América Latina: Tom na Fazenda é uma peça importante do repertório contemporâneo”.
Joëlle Gayot (Le Monde)
“É raro ver uma encenação ser ovacionada de pé todas as noites, e uma atuação alucinante de seus atores, que fazem um trabalho incrível de interpretação.”
Laurent Goumarre, (Libération)
“Uma encenação densa e sombria, isso faz desta fazenda não apenas um reduto reacionário, mas um beco cultural sem saída. É um lugar onde qualquer possibilidade de progresso é extinta como o gado doente que Francis atira em uma vala. A peça não se trata apenas da morte de um filho, mas da morte da esperança.”
Mark Fisher (The Guardian)
“Tom na Fazenda é uma peça teatral marcante e perturbadora. Sua intensidade física, rica paleta visual e performances psicologicamente complexas resultam em uma peça memorável e comovente”.
Culture Fix
“Tom na Fazenda é brutal, poética e envolvente. Você não ousa desviar o olhar”.
Susan Mansfield (The Scotsman)
SOBRE OS CRIADORES
MICHEL MARC BOUCHARD – AUTOR
Michel Marc Bouchard nasceu em Saint-Coeur-de-Marie, em Quebec, no Canadá. Formado em teatro pela Universidade de Ottawa, fez sua estreia profissional como dramaturgo em 1983 com Contre-nature de Chrysippe Tanguay, Écologist, e, desde então, escreveu mais de 25 peças que foram traduzidas em diversas línguas e apresentadas em muitos países e festivais. Bouchard foi condecorado Cavaleiro da Ordem Nacional de Quebec, em 2012.
Sua obra mais conhecida é Lillies (Les Feluettes ou la Répétition d’un Drame Romantique), que posteriormente foi roteirizada e dirigida por John Greyson em seu filme homônimo. The Painter Madonna foi sua primeira peça traduzida para o inglês. Entre suas obras mais conhecidas, destaque para The Coronation Voyage (Le Voyage du Couronnement), Down Dangerous Passes Road (Le Chemin des Passes-Dangereuses) e Written on Water (Les Manuscrits du Déluge). Sucesso no teatro, as peças The Orphan Muses (Les Muses Orphelines) e Tom at the Farm (Tom à la Farme) também foram adaptadas para o cinema pelos diretores Robert Favreau e Xavier Dolan, respectivamente.
Ao longo de sua carreira, Bouchard foi agraciado com importantes prêmios de artes cênicas no Canadá: Prix Journal de Montreal, Prix du Cercle des Critiques de L’outaouais, Moore Award Dora Mavor for Outstanding New Play, Floyd S. Chalmers Award Canadian Play. Recebeu nove prêmios Jessie Richardson Theatre Awards para as peças Lillies e Les Muses Orphelines.
ARMANDO BABAIOFF – IDEALIZADOR, TRADUTOR E ATOR
Formado pela escola Estadual de Teatro Martins Pena e pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UNIRIO) em Artes Cênicas. No teatro fez inúmeras peças com destaque para: Na Solidão dos Campos de Algodão, de Bernard-Marie Koltés, com direção de Caco Ciocler; A Propósito de Senhorita Júlia, de August Strindberg, dirigida por Walter Lima Jr.; Rockantygona, baseado na obra de Sófocles, com direção de Guilherme Leme Garcia; A primeira noite de um homem, com direção de Miguel Falabella; A Gota D’a´Agua, com direção de João Fonseca.
Com uma vasta carreira no audiovisual e produzindo os próprios trabalhos desde 2009, em 2017, Babaioff estreia seu projeto de maior sucesso, Tom na Fazenda, que lhe rendeu diversos prêmios de melhor ator e melhor espetáculo, entre eles o APCA SP e o Prix de la Critique de melhor espetáculo em Montreal. Em 2022, acreditando na qualidade artística do projeto aliado à urgência do discurso e a criatividade de artistas brasileiros, cria a produtora “Quadrovivo” com o desafio de internacionalizar o espetáculo Tom na Fazenda.
RODRIGO PORTELLA – DIRETOR
Artista cênico nascido no interior do Brasil, diretor teatral, iluminador e dramaturgo com 30 anos de carreira, Rodrigo Portella é hoje um dos diretores mais reconhecidos da cena teatral brasileira. Escreveu 12 peças teatrais e dirigiu outras 40 obras de teatro. Foi ganhador dos mais importantes prêmios do teatro brasileiro da última década por suas criações: (Um) Ensaio Sobre A Cegueira, com o Grupo Galpão; o musical Ray, Você Não Me Conhece, sobre Ray Charles; Ficções (texto e direção), com Vera Holtz, As Crianças (de Lucy Kirkwood); e Tom na Fazenda (de Michel Marc Bouchard).
É bacharel e mestre em Artes Cênicas pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro, com doutorado em andamento. Suas obras ocuparam os principais espaços culturais de cidades como Rio de Janeiro e São Paulo; e participaram da programação dos maiores festivais de teatro do país, circulando em mais de 90 cidades no Brasil, Argentina, Equador, Chile, França, Alemanha e Canadá. Atualmente vive em Barcelona, é professor do curso superior do Instituto Cal de Arte e Cultura.
PEÇA TEATRAL “TOM NA FAZENDA”
Dias: 10 e 11 de outubro de 2025
Hora: 20h00
Local: Casa da Ópera Teatro Municipal de Ouro Preto (Rua Brigadeiro Musqueira, 104, Centro)
Classificação indicativa: 18 anos
Ingressos
Inteira: R$ 120
Meia-entrada: R$ 60
Preços populares: Inteira R$ 50 | Meia R$ 25
Vendas online: Sympla – https://bileto.sympla.com.br/event/109844
Bilheteria: funcionamento uma hora antes do espetáculo
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