Em Ouro Preto

Produtividade e economia informal em Ouro Preto

Imagem: Neno Vianna

A ideia geral do estudo foi estimar a produtividade do trabalho da economia de Ouro Preto, que, de forma simples, mede o quanto cada hora de um trabalhador ou o quanto cada trabalhador, em média, contribuiu com o PIB num determinado ano. Ou seja, se considerarmos que o PIB de Ouro Preto foi de 1000 em 2021 e se tivéssemos 200 trabalhadores no município, cada um contribuiu com 5 no PIB em 2021.

Fábio Rocha, diretor de Estudos Econômicos na Smdeit, responde o porquê a produtividade é importante. “Ela é importante, ao sinalizar a velocidade na qual a economia cresce ao longo do tempo, viabilizando assim melhores condições de vida para população de uma forma geral. Ou seja, se menos trabalhadores são necessários para produzir uma mesma quantidade de PIB, isso implica que os trabalhadores adicionais poderão aumentar o tamanho do PIB. Para ficar simples de entender, imaginemos que em 2021 aconteceu uma política pública que melhorou a produtividade da economia e, ao invés do PIB da economia ser 1000, ele cresce para 1300 com os mesmos trabalhadores, 200. Isso implica dizer que a produtividade saltou de 5 para 6,5 (30%), em relação ao ano anterior. Ou seja, as pessoas passam a poder consumir um padrão de vida mais elevado já que agora conseguem produzir mais com os mesmos insumos, que, no caso que estudamos, foi o trabalho”.

No estudo mostra que a produtividade de Ouro Preto diminuiu entre os anos de 2012 a 2020. Duas são as razões principais: diminuição do número de trabalhadores e aumento da informalidade, somado a outros fatores da própria macroeconomia brasileira, como foram os processos políticos que ocorreram no período. Ora, se menos pessoas estão trabalhando, menos é produzido e, ao mesmo tempo, menos é consumido. Por outro lado, a informalidade também diminui a produtividade, já que, no geral, esses trabalhadores acabam por ser excluídos de alguns mercados, como é o de crédito e, ao mesmo tempo, ficam desamparados do sistema de proteção social.

Entretanto, para conseguir estimar o número de trabalhadores da economia de Ouro Preto (formais e informais), foi necessário estimar, utilizar um recurso criativo e, ao mesmo tempo, técnico para isso. E foi a partir desta estimativa que foi possível obter um número próximo de trabalhadores informais. Ou seja, tinha-se como objetivo geral, estimar a produtividade, apenas, mas acabou sendo obtida uma estimativa da informalidade e um apontamento dela como uma das causas da redução da produtividade.

Esse estudo mostrou ser importante notar que, aumentar a produtividade de uma economia não depende, por norma, de política pública municipal. Depende muito mais de políticas públicas ao nível estadual e federal, como investimentos em infraestrutura, crédito subsidiado, qualificação profissional, entre outras variáveis macroeconômicas.

Por fim, no estudo, notou-se que, embora a produtividade de Ouro Preto tenha diminuído ao longo dos anos, ela, ainda assim, é, em alguns anos, duas ou três vezes superior à produtividade da economia brasileira. E mais do que isso, notou-se também que, a produtividade da econômica do município apresentou uma certa correlação com o PIB setorial da Indústria de Ouro Preto, que, neste caso, é predominantemente da indústria extrativa, sugerindo que esse setor explica, em alguma medida, a produtividade da economia de Ouro Preto.

Relatório completo no link a seguir: https://ouropreto.mg.gov.br/pages/download_arquivo_area.php?id=634

Texto: Nathália Souza e Fábio Rocha | Revisão: Nathália Souza

Blima Bracher

Blima Bracher é jornalista, formada pela UFMG e Engenheira Civil. Trabalhou doze anos em TV como repórter e apresentadora na Globo e Band Minas. Foi Editora da Revista Encontro e Encontro Gastrô. Escritora, cineasta e cronista premiada.

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