Transcendendo o status de estilo de arte, e sendo considerado um estilo de vida, o barroco mineiro talvez tenha tido um dos momentos mais marcantes de sua história no Triunfo Eucarístico. Para a realização da cerimônia nos tempos atuais, muitas tradições precisam ser revisadas e ressignificadas, com intuito de acompanhar os costumes modernos dos dias atuais.
As roupas, emprestadas pelo Palácio das Artes / Fundação Clóvis Salgado, foram criadas pelo cenógrafo, arquiteto e figurinista mineiro Raul Belém Machado (1942-2012), para a edição do Triunfo Eucarístico de 1993. Antes disso, havia sido encenado em 1983, sob o comando do saudoso Padre Simões e, posteriormente, em 2006 e 2011, nos mandatos do prefeito Angelo Oswaldo.
O Triunfo Barroco sairá da Igreja de Nossa Senhora do Rosário aproximadamente às 18h e percorrerá as ruas até a Basílica do Pilar, como foi em 1733. Nesta releitura, mais inclusiva em todos os aspectos, a transmissão ao vivo realizada pelo YouTube da Holofote Cultural contará com interprete de libras. Também a missa que antecede o cortejo terá tradução para a linguagem dos surdos e terá participação da Orquestra Jovem de Ouro Preto e Coral Francisco Gomes da Rocha.
O Cortejo:
- A luta entre Cristãos e Mouros – Representada pela Cavalhada de Amarantina, com mais de dois séculos de história;
- São Jorge e o Dragão – O eterno embate entre as forças do bem contra o mal;
- Fartura do Ouro – Representação da riqueza que fez surgir a nova e próspera organização das Minas;
- Eucharistia in Translatione Victrix – Eucaristia vitoriosa na translação da Igreja do Rosário e a sua condução triunfal até a Igreja do Pilar;
- Romeiros – Representa as caminhadas de fé realizadas pelos filhos de Deus;
- Os Quatro Ventos – Representa os ventos Norte, Sul, Leste e Oeste, que promove encontros e desencontros entre lugares distantes;
- As Quatro Estações – Representa o passar do tempo dos homens sobre a terra;
- Ouro Preto – Personagem representando Ouro Preto, bairro de Vila Rica onde estava situada a Nova Matriz do Pilar, para onde se dirigia o cortejo;
- A Mãe do Ouro – Guardiã dos tesouros das montanhas e dos rios;
- Corpos Celestes – Acreditava-se que estes seres da natureza eram objetos da influência de demônios e anjos;
- A Fama – Trata-se de uma alegoria entendida como o anúncio de algo que acontece ou está para acontecer;
- O séquito de Ouro Preto – Representa o desfile de personalidades da cidade, uma breve retrospectiva que inclui figuras dos séculos XX, XIX e XVIII;
- A Nova Matriz – Representa a nova Matriz construída. Traz em latim as inscrições “Esta é a Casa do Senhor firmemente edificada” e “Eu dileto aos meus àqueles a mim convertidos”;
- As Virtudes: Fé, Esperança, Caridade, Prudência, Temperança, Fortaleza e Justiça;
- As Irmandades e Ordens Terceiras– Composta por cidadãos que entendem o valor da História, da Religiosidade e da Cultura Popular, estão presentes em Ouro Preto desde o seu descobrimento;
- O Séquito Clerical – representa a fé, a religiosidade e também a memória do Padre Simões, que nos ensinou a celebrar juntos reconstituindo a festa do Triunfo Eucarístico. Patrocínio http://@cemigenergia
Texto: Johan Pena / Revisão: Nathália Souza
** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Portal UAI.